O Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), em Lisboa, exigiu hoje um cessar-fogo “imediato e permanente” na Faixa de Gaza, a “responsabilização internacional pelos crimes cometidos, a libertação de todos os reféns e o reconhecimento do Estado Palestiniano”.

“Neste momento, nenhuma [realidade] é mais gritante do que a continuação do massacre de civis palestinianos em Gaza, incluindo milhares de crianças. Esta realidade constitui uma ferida aberta na consciência do mundo”, declarou o teatro nacional, com direção artística de Pedro Penim, em comunicado.

Sublinhando que “um teatro não é uma ilha”, a direção artística afirma que “a arte e a cultura não devem ser cúmplices da omissão, nem da indiferença”, pelo que declara solidariedade “com todas as vítimas deste conflito, e em particular com o povo palestiniano, cuja existência coletiva se encontra em risco”.

“Juntamo-nos à exigência de um cessar-fogo imediato e permanente, da abertura plena à ajuda humanitária, da responsabilização internacional pelos crimes cometidos, da libertação de todos os reféns e do reconhecimento do Estado Palestiniano”, lê-se na nota de imprensa.

Esta posição é tornada pública no final da temporada 2024/2025, com o teatro nacional a admitir que se sentiu compelido “a romper o silêncio”.

“Durante meses, o Teatro Nacional D. Maria II não se manifestou perante a tragédia que se vem desenrolando em Gaza. Uma postura que, perante as falhas da diplomacia internacional, com o passar do tempo e o agravar da catástrofe humanitária, se tornou insustentável e moralmente inaceitável”, refere.

A fase mais recente do conflito israelo-palestiniano foi desencadeada a 7 de outubro de 2023, com ataques protagonizados pelo movimento islamita palestiniano Hamas no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

A retaliação de Israel a esses ataques já fez mais de 59 mil mortos, sobretudo civis, destruiu quase todas as infraestruturas de Gaza e provocou a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Além disso, incluiu a imposição de um bloqueio de bens essenciais a Gaza, como alimentos, água potável, medicação e combustível.

Mais de uma centena de organizações não-governamentais alertaram para o avanço da fome na Faixa de Gaza, afirmando que até os trabalhadores humanitários “estão a morrer lentamente”.