Maior do que qualquer um dos discos anteriores, com dez temas, “Aurora” tem produção de B Fachada e um título que pareceu “lógico porque acaba por transmitir uma ideia de recomeço”, como explicou à Lusa o teclista Hugo Gomes, que compõe o núcleo da banda com Manuel Justo (teclados e sintetizador) e André Simão (baixo e 'drumpads'), com a companhia de Sérgio Freitas (sintetizadores e teclados) e Jorge “Cientista” Carvalho (percussões) em concerto.

No final de 2017, depois da digressão de apresentação de “Villa Soledade”, Filipe Azevedo comunicou a sua saída à banda, o que levou a uma reflexão interna do projeto: “Que caminho é que poderia [a banda] ter, uma vez que ele era um elemento preponderante a vários níveis na banda? Por outro lado, também estávamos a perder um instrumento que de certa forma marcava um bocado o som de Sensible Soccers, que era a guitarra”.

“Decidimos logo nessa altura não substituir a guitarra, não queríamos ter outro guitarrista para lá do Filipe. E propusemo-nos fazer um disco sem guitarras, o que exigiu alguma criatividade da nossa parte, exigiu também que procurássemos soluções noutros instrumentos que não tínhamos utilizado”, afirmou Hugo Gomes.

Com concertos já anunciados para o Cine-Teatro Garrett, na Póvoa de Varzim, no dia 16 de março, e na Culturgest, em Lisboa, no dia 3 de abril, as atuações vão estar concentradas em “Aurora”, “mas, tal como nas fases anteriores da banda, haverá espaço no alinhamento para temas antigos e para todas as fases de Sensible Soccers”, desde o princípio a “Villa Soledade”, passando por “Sofrendo por Você” e “8”.

Questionado sobre se a banda estava preocupada com a sua identidade, depois da saída de Filipe Azevedo (que se seguiu ao baixista Emanuel Botelho, em 2016), Hugo Gomes diz que a questão se colocava “na dose certa”.

“Assim que fomos fazendo as ‘demos’ fomos percebendo que estava lá a identidade de Sensible Soccers. Que aquilo soava a nós. Não tinha guitarra, mas soava a Sensible Soccers. Estava lá o nosso jeito e isso descansou-nos. Era importante que a banda, nesta fase, depois de já ter perdido dois elementos, mantivesse alguma pertinência. Se fosse uma banda completamente nova a soar a outra coisa qualquer, não sei até que ponto faria sentido continuarmos como decidimos continuar”, explicou o músico.

Os membros da banda repartem-se agora por Vila do Conde, Barcelos e Braga, tendo mudado o "centro de estágios" de Fornelos para Barcelinhos, onde André Simão tem uma sala de ensaios com melhores condições do que a utilizada pelo grupo até ali.

"Tocarmos num sítio com janelas a olhar para o rio era muito melhor do que estarmos aqui enfiados numa cave como estivemos durante oito anos", disse Hugo Gomes, entre risos.

Lançado em edição de autor com o apoio da GDA, “Aurora” foi gravado em residência Casa do Soto, em Arouca, sendo hoje divulgado o tema “Elias Katana”.