O segundo dia do NOS Alive 2025 ficou marcado pelas produções grandiosas de Anyma e Justice, em contraste com a simplicidade intimista de girl in red e FINNEAS, que, apesar de atuar no Palco Heineken, foi recebido como cabeça de cartaz. Após um primeiro dia esgotado com atuações de Olivia Rodrigo e Benson Boone, esta quinta-feira, 11 de julho, o Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras, viveu um ambiente mais calmo e menos apressado.

Anyma, o protagonista do dia, estreou-se no Palco NOS um pouco depois da meia-noite. O artista italo-americano de música eletrónica e multidisciplinar Matteo Milleri é conhecido pelas suas composições de techno que desafiam fronteiras, visuais impactantes e atuações ao vivo - Anyma tornou-se o primeiro artista de música eletrónica a ter uma residência na Sphere Las Vegas – a sala de espetáculos tecnologicament

e mais avançada do mundo.

Ao palco do NOS Alive, Anyma trouxe a sua experiência visualmente imersiva, aliada a um conceito tecnológico inovador e a um alinhamento forte e ritmado. Ainda assim, a atuação ficou marcada por um recinto longe de esgotar — o vazio junto à ‘pista de dança’ fez-se notar.

A setlist eletrónica convidou o público a dançar, mas, em muitos momentos, os pés permaneceram imóveis, não por falta de vontade, mas porque os olhos estavam ocupados a tentar absorver os detalhes do espetáculo visual.

JUSTICE
JUSTICE créditos: Rita Sousa Vieira

Se Anyma surpreendeu com o espetáculo hipnotizante, os Justice também mostraram todos os trunfos no NOS Alive. As expectativas dos festivaleiros eram elevadas (os vídeos partilhados nas redes sociais dos espetáculos da digressão da dupla francesa alimentaram a curiosidade) e não foram defraudadas.

No festival, os Justice voltaram a provar por que são um dos nomes maiores da música eletrónica atual, com um espetáculo cheio de energia, técnica e criatividade, que conquistou desde os fãs mais antigos até os recém-chegados ao seu universo sonoro.

JUSTICE
JUSTICE créditos: Rita Sousa Vieira

O palco transformou-se num verdadeiro espetáculo visual, com uma iluminação futurista e painéis LED que acompanhavam cada batida, criando uma atmosfera imersiva. O alinhamento foi cuidadosamente pensado, misturando os clássicos, como “D.A.N.C.E.” ou “Genesis”, com temas mais recentes.

No NOS Alive, Anyma e Justice garantiram uma experiência coletiva, onde a energia do público esteve sempre em sintonia com os artistas.

A beleza das coisas simples

girl in red
girl in red créditos: Rita Sousa Vieira

Antes das viagens ao futuro, ao fim da tarde, girl in red estreou-se no palco principal do NOS Alive. A artista de Oslo regressou ao festival dois anos depois do aclamado concerto no Palco Heineken.

Em 2023, a cantora estava a dar os primeiros passos no mundo da música mais comercial. Em 2018, com o lançamento do seu primeiro single, "i wanna be your girlfriend", Marie Ulven conquistou fãs em todo o mundo e, desde então, os sucessos têm-se multiplicado (Taylor Swift também deu uma ajuda - em 2023 foi escolhida pessoalmente pela cantora norte-americana para abrir a “The Eras Tour”).

Na nova digressão, a cantora traz consigo o seu mais recente disco, “ I’M DOING IT AGAIN BABY!”, editado em abril de 2024.
No concerto genuíno e emotivo, girl in red convidou o público a entrar no seu mundo com canções como "DOING IT AGAIN BABY", "Body and Mind" ou "midnight love". Mas foram canções como "we fell in love in october", "bad idea!" ou "Serotonin” que fizeram os fãs soltar as vozes. Para o final, a artista guardou “i wanna be your girlfriend”, o primeiro e maior sucesso da sua carreira.

Apesar de estar num dos maiores palcos de Portugal, girl in red conseguiu criar uma atmosfera íntima, como se estivéssemos a assistir a um concerto entre amigos.

FINNEAS
FINNEAS créditos: Rita Sousa Vieira

Tal como a artista, FINNEAS também convocou os ‘amigos’ para uma conversa ‘cara a cara’ no NOS Alive. O artista, irmão de Billie Eilish, subiu ao Palco Heineken depois das onze da noite e foi recebido com ‘casa’ cheia - um sinal de que, no futuro, deve regressar para se estrear no palco principal.

Com uma presença serena mas magnética, o músico conquistou o público com a sua mistura de delicadeza, talento e carisma, provando que o seu lugar em grandes palcos está mais do que assegurado.

A noite começou com “Lotus Eater” e “Cleats”, que abriram caminho para um alinhamento de emoções fortes. No NOS Alive, o público vibrou com “Sweet Cherries” e “2001”, e mergulhou em temas como “Angel” e “I Lost a Friend”, onde FINNEAS mostrou o seu lado mais vulnerável.

“The Kids Are All Dying” e “The Little Mess You Made” trouxeram reflexões sobre o mundo moderno, enquanto faixas como “Break My Heart Again” e “Let’s Fall in Love for the Night” garantiram coro colectivo e lágrimas nos olhos de muitos. O final chegou com “For Cryin’ Out Loud!”, um dos momentos mais celebrados.

Mesmo num palco secundário, FINNEAS foi protagonista e, se depender da forma como os festivaleiros o receberam, o regresso — em nome próprio e com ainda mais protagonismo — será inevitável.

O dia vai contou também com as atuações de The Wombats, St. Vincent, Capicua, Mother Mother, Mike11, Herlander, Zarco, Luísa Amaro, Luís Franco Bastos e Guilherme Fonseca, entre outros.

O cartaz de sábado inclui Muse, Nine Inch Nails, Future Islands, Foster The People, Bright Eyes, Jet, A-Trak, Left., Bombazine, Luís Severo, Teresinha Landeiro, Cebola Mol, Jel e Ana Arrebentinha, entre outros.

O recinto, que abre todos os dias às 15h00 e encerra às 04h00 do dia seguinte, tem capacidade para 56 mil pessoas, além das seis mil que estarão a trabalhar, entre ‘staff’ e jornalistas.

A organização aconselha o uso de transportes públicos para chegar ao recinto.