A fundadora da iniciativa, Maria João Pita, contou à Lusa que a ideia surgiu quando procurou, em 2014, estruturas para transmitir ao seu filho, de três anos, a língua portuguesa, de forma lúdica e informal.
A arquiteta aliou-se então aos membros da Associação dos Diplomados Portugueses de França (AGRAFr) e criou um projeto itinerante de sessões de leitura em língua portuguesa para meninos dos três aos seis anos, mas que é aberto a "todos que se interessem em passar um momento informal à volta de um livro em português".
"O facto de o projeto rodar desde 2015 é uma prova que há realmente uma necessidade. Há pessoas que precisam deste contexto informal de encontro e o projeto vem responder a esta geração dos anos 80 que está em França e que precisa também, com os seus referenciais e as suas ferramentas, de criar coisas. O Conto Contigo é só mais um grãozinho a contribuir para a dinâmica da comunidade portuguesa em França", afirmou a portuguesa, de 37 anos, que também viveu na Alemanha e na Holanda.
A ideia é juntar entre 15 a 20 pessoas, ainda que tenha já havido "muito mais gente, quase 70 pessoas", à volta dos contadores de histórias, um ou mais voluntários da AGRAFr que integram a equipa de "mais ou menos quatro a oito pessoas por ano" do "Conto Contigo".
As sessões de leitura são essencialmente em Paris, mas já houve encontros nas cidades de Nantes, Pontault-Combault, Cormeilles-en-Parisis, entre outras. O objetivo é levar os contos em português a mais localidades, nomeadamente Lyon onde a AGRAFr criou um novo polo.
"A ideia é fazer com que as pessoas se liguem ao livro de uma maneira lúdica e o explorem sem grande medo. Além disso, queremos trazer alguns autores e ilustradores novos, ao lado de outros mais antigos. No fim da sessão damos um objeto-memória, uma coisa pequenina para que haja um fio para lá da sessão para as pessoas poderem continuar a falar, usar e explorar", continuou Maria João Pita, explicando que há, ainda, um "cesto do livro que tenta incitar à troca e deambulação de livros juvenis".
Em Paris, as leituras têm tido vários palcos efémeros, como cafés culturais, residências universitárias, escolas, o Consulado-Geral de Portugal, jardins e até igrejas.
A próxima sessão, intitulada "Avós: A voz do amor" vai acontecer, este domingo, no espaço transdisciplinar 'Volumes', no 19.º bairro de Paris, e o livro escolhido é "Avós", de Chema Heras, com ilustração de Rosa Osuna.
"Há uma estrutura do projeto que ajuda a equipa a poder desenvolver, com o apoio de alguém ligado à pedagogia e ao ensino, a escolha de um encadeamento de temas e dos livros que animam as sessões. Esta espécie de árvore do projeto é feita no início de cada ano", continuou.
Também já se leu "Uma biblioteca é uma casa onde cabe toda a gente", de Mafalda Milhões, "A Menina Bonita do Laço de Fita", de Ana Maria Machado, "Herbário", de Jorge de Sousa Braga com desenhos de Cristina Valadas, "Este Livro está a chamar-te. (Não ouves?)", de Isabel Minhós Martins e Madalena Matoso, ou "A Ilha", de João Gomes de Abreu, entre muitos outros livros.
"Já tivemos pessoas mais velhas que vêm ouvir e crianças de todas as idades. É frequente haver crianças que não entendem completamente, mas o nosso objetivo é deixarem a sessão com mais umas palavras e sons novos. Na base o projeto é estruturado para crianças dos 3 aos 6 que estão a adquirir a linguagem e elas saem de lá tendo passado um bom momento", concluiu a fundadora do "Conto Contigo", sublinhando que conta com todos os que queiram juntar-se "à roda dos textos em português".
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