
O novo julgamento de Harvey Weinstein, cujo processo e condenação por violação e agressão sexual deram início ao movimento #MeToo, começa em Nova Iorque na terça-feira.
A condenação do antigo produtor de cinema em 2017 por um júri foi anulada sete anos depois por um tribunal de segunda instância, que decidiu que a forma como as testemunhas foram tratadas no julgamento original era ilegal.
A anulação do veredito do júri foi um retrocesso para o movimento contra a violência sexual e a promoção da justiça para as sobreviventes.
O ex-líder do estúdio Miramax será levado ao banco dos réus pela agressão sexual da ex-assistente de produção Mimi Haleyi em 2006, pela violação da aspirante a atriz Jessica Mann em 2013 e por uma nova acusação por alegada agressão sexual em 2006 num hotel em Manhattan.
O julgamento, que deve durar até seis semanas num tribunal criminal de Manhattan, começa na terça-feira com a seleção do júri, que pode levar cinco dias, segundo o juiz Curtis Farber.
Harvey Weinstein, de 73 anos, espera que o caso seja julgado com "um novo olhar", mais de sete anos após as investigações do jornal New York Times e da revista New Yorker terem levado à sua queda espetacular e a uma reação global contra predadores abusadores.
O antigo magnata de Hollywood está a cumprir uma pena de 16 anos de prisão após ser condenado por acusações separadas de violação na Califórnia em 2023 por violar e agredir uma atriz europeia uma década antes.
À procura de justiça

Produtor de uma série de sucessos de bilheteira como "Sexo, Mentiras e Vídeo", "Pulp Fiction" e "A Paixão de Shakespeare", Harvey Weinstein pareceu frágil e magro em recentes audiências em tribunal antes do julgamento.
"Será muito, muito diferente por causa da atitude da cidade de Nova Iorque, do estado de Nova Iorque e, creio, do país em geral", disse aos jornalistas o seu advogado, Arthur Aidala.
"Há cinco anos, quando vocês estavam aqui, houve protestos. Pessoas a gritar: 'Fritem o Harvey, ele é um violador'... Acho que isso, em geral, diminuiu", recordou antes de acrescentar que esperava que os jurados julgassem o caso com base nos seus méritos.
Harvey Weinstein nunca reconheceu qualquer irregularidade e sempre afirmou que os encontros foram consensuais.
As acusadoras descrevem o antigo produtor como um predador que usava a sua posição no topo da indústria cinematográfica para pressionar atrizes e assistentes por favores sexuais, muitas vezes em quartos de hotel.
Desde a sua queda, foi acusado de assédio, agressão sexual ou violação por mais de 80 mulheres, incluindo as atrizes Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Ashley Judd.
Em 2020, um júri de nova-iorquinos considerou-o culpado de duas das cinco acusações — a agressão sexual de Mimi Haleyi e a violação de Jessica Mann.
Mas a condenação e a pena de 23 anos de prisão foram anuladas em abril de 2024.
Numa decisão acaloradamente debatida por quatro votos contra três, um Tribunal de Segunda Instância de Nova Iorque decidiu que os jurados não deveriam ter ouvido depoimentos de vítimas sobre agressões sexuais pelas quais Harvey Weinstein não foi indiciado.
"Isso realmente reflete os desafios que as sobreviventes enfrentam na busca por justiça para agressões sexuais", disse Laura Palumbo, do Centro Nacional de Recursos para a Violência Sexual.
As três sobreviventes dos alegados crimes de Weinstein devem novamente prestar depoimento.
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