O velório tem lugar a partir das 18:00 de hoje, na Igreja de Queluz e o funeral parte, do mesmo local, no sábado, às 10:30, em direção ao Cemitério de Queluz, segundo detalhes facultados à Lusa pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela família.
Nascido em Aljustrel, a 5 de maio de 1923, Luís Amaro fez, com António Luís Moita, António Ramos Rosa, José Terra e Raúl de Carvalho, parte do grupo que dirigiu a revista Árvore entre 1951 e 1953.
Aos 12 anos, no mesmo ano em que Fernando Pessoa morreu, aprendeu a escrever à máquina no cartório do poeta Adeodato Barreto, em Aljustrel, como relatou numa biobibliografia que escreveu para a Colóquio/Letras.
Nomeado por Hernâni Cidade e Jacinto do Prado Coelho, Luís Amaro foi secretário da redação da Colóquio/Letras (1971-1986), diretor-adjunto (1986-1989) e consultor editorial (1989-1996), tendo sido homenageado pela revista em 1989.
“Com 13 anos incompletos” muda-se para Beja, para um “estágio gratuito” no Diário do Alentejo, antes de um trabalho assalariado na Biblioteca Municipal. Três anos depois vai para Estremoz, para secretariar o jornal Brados do Alentejo, dirigido por Marques Crespo.
A viagem para Lisboa é proporcionada por Agostinho da Silva, passando a trabalhar na Livraria Portugália. Nas palavras do poeta e crítico literário Eduardo Pitta, Luís Amaro “conheceu toda a gente que foi gente a partir de 1940, o que lhe permitia desatar o nó de controvérsias intrincadas”.
Amaro foi “o homem a quem, nos últimos 50 anos, toda a gente recorreu para obter ou certificar uma informação bibliográfica”, acrescentou Pitta no seu blogue.
Em 1954, conhece José Régio, que passa a editar (e reeditar) na Portugália Editora por sua iniciativa. Além do poeta de Vila do Conde, Luís Amaro esteve na revisão e edição de obras de escritores como Adolfo Casais Monteiro, Mário Beirão, Manuel Teixeira-Gomes, entre outros.
Num comunicado publicado na página da DGLAB, aquela entidade recorda que Luís Amaro “colaborou na revisão literária do ‘Dicionário Cronológico de Autores Portugueses’, publicado pela Europa-América e pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (hoje DGLAB)”.
Em 1949, publica o livro de estreia, “Dádiva”, pela Portugália Editora, que vem a ser reeditado em 1975 com mais poemas sob o título “Diário Íntimo”. Em 2006, a &etc publica uma segunda edição de “Diário Íntimo”.
A sua poesia, escreveu Jorge de Sena citado por Serafim Ferreira na Página da Educação, caracteriza-se “por um tom muito discreto e angustiado, que não chega ao confessionalismo e se mantém numa pessoal reserva quase solipsista e desencantada, em que a amargura de um ser isolado encontra notas muito puras, de uma bela musicalidade íntima”.
Já Ramos Rosa escreveu, segundo a sua entrada na Infopédia, que “Luís Amaro é fiel a esse espaço interior a que se chama alma e a sua poesia é a tentativa permanente de se integrar nela ou de a habitar, mau grado todas as agressões do mundo exterior [...] o que ela diz é sempre a pureza do sonho irrealizado mas vivo na sua virtualidade permanente que ilumina a vida e secretamente a alimenta”.
“Avesso a holofotes”, nas palavras de Eduardo Pitta, “a discrição em pessoa”, segundo a história publicada na Colóquio-Letras, Luís Amaro teve um “extraordinário percurso enquanto homem e intelectual”.
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