O músico tinha editado, recentemente, o álbum “Claridade”, que dedicou à memória do seu pai, o cantor Luís Piçarra (1917-1999).
O jornalista João Carlos Calixto referiu que este trabalho auspiciava “um novo começo” na carreira do músico, “cinco décadas exatas depois do seu primeiro disco, com o Quarteto 1111, e quatro décadas depois do início do seu trabalho com os Terra a Terra, que levou a sua e a nossa música a todo o país”.
Mário Piçarra, nascido em Lisboa, em 1965 fez parte do grupo Chinchilas, com Phil Mendrix, e de 1969 a 1971 do Coro da Academia de Amadores de Música, sob a direção de Fernando Lopes-Graça.
Em 1970 editou o EP “Ó Pastor que Choras”, com poemas de José Gomes Ferreira e sob a direção musical de José Cid, ao qual se seguiu “Calçada da Glória”, com poemas de António Gedeão e que contou, entre outros, com a colaboração do músico Carlos Zíngaro, ao qual sucedeu o single “Minha Aldeia é Todo o Mundo” (1979).
Entre 1972 e a revolução de 25 de Abril de 1974, Mário Piçarra viveu exilado em França.
Os Terra a Terra, dos quais fez também parte Ana Faria, surgiram na cena musical portuguesa em 1977, e estrearam-se discograficamente com o álbum “Dançando e Pulirando”, que incluía canções populares recolhidas no Alentejo, Beira Baixa e Trás-os-Montes, ao qual sucedeu, em 1981 “Pelo Toque da Viola”.
Em 1983 editaram “Estilhaços”, a partir de recolhas feitas por Margot Dias, César Neves, Gualdino Campos, Fernando Lopes-Graça e Michel Giacometti, e do qual faz parte um tema da autoria de Mário Piçarra, "Vitral".
A este álbum sucedeu “Lá Vai Jeremias”, tendo o grupo terminado a sua atividade em meados de 1987.
Além de Mário Piçarra e Ana Faria, entre as variáveis formações dos Terra a Terra, fizeram parte os músicos Jaime Ferreira, Rosário Pires, Jorge Vieira, Eduardo Torres, Mário Luís Pontes, Júlia Costa, Júlia Cruz e Luísa Vasconcelos.
Após o interregno na música, Mário Piçarra licenciou-se em História, na Universidade Lusíada, e fez uma pós-graduação em História Diplomática Contemporânea.
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