“Kalakuta Republik” é o nome do espetáculo que se estreou na edição de 2017 do Festival de Avignon, França, e que hoje à noite sobe ao palco grande da Escola D. António da Costa, em Almada.

Com conceito, coreografia e interpretação do bailarino Serge Aimé Coulibaly, natural do Burkina Faso, trata-se de uma “proposta superinteressante” da edição deste ano do festival, segundo o diretor do certame.

Para esta criação, “que foi um dos maiores êxitos do Festival de Avignon 2017”, o bailarino Serge Aimé Coulibaly inspirou-se na vida do músico e ativista político e dos direitos humanos nigeriano Fela Kuti (1938-1997) para um espetáculo que fala de África sem estereótipos”, acrescentou Rodrigo Francisco na apresentação da programação do festival.

“O que faz com que nos unamos em torno de uma causa? E de um líder? Quais os limites da liberdade individual no seio de um movimento coletivo?”, são algumas das questões que o coreógrafo Serge Aimé Coulibaly coloca neste espetáculo de apresentação única no certame.

A abertura dos colóquios na esplanada, iniciativa habitual do evento que junta público e criadores à conversa sobre o teatro no átrio da escola, é outra das propostas do terceiro dia do certame.

Nuno M. Cardoso, encenador da peça “Lulu”, que tem hoje a segunda récita na sala principal do Teatro Municipal Joaquim Benite, é o convidado.

As peças “Bonecos de luz”, na sala experimental do teatro Joaquim Benite, “Nada de mim”, no Teatro da Politécnica, e “Colónia Penal”, no Teatro do Bairros – ambos em Lisboa -, dois concertos gratuitos no palco da esplanada da Escola D. António da Costa, e um espetáculo de rua, em Cacilhas, completam o programa do terceiro dia do certame, a decorrer até 18 de julho em vários espaços de Almada e Lisboa.

Numa edição elaborada em “contexto de quase emergência”, devido aos cortes de subsídios estatais de que foi alvo, como referiu o diretor do certame na apresentação do 35.º festival, o certame engloba 24 produções, nove das quais portuguesas e 15 estrangeiras.

Este ano, os apoios da Direção-geral das Artes (DGArtes) à companhia sofreram “um corte de 25% do total”, disse então Rodrigo Francisco, acrescentando que o festival tem assim a programação "possível". O montante atribuído pela DGArtes à companhia é repartido de forma equitativa entre a programação da companhia e o festival, indicou.

Onze concertos de entrada livre e quatro espetáculos de rua constam das propostas paralelas do festival, a decorrer até 18 de julho em vários locais de Almada e Lisboa.

A 35.ª edição do festival está orçada em 576.000 euros, dos quais 91.000 euros (16%) provêm dos subsídios da DGArtes, referiu o diretor.

A autarquia local, parceiros e mecenas do certame e receitas próprias são as outras fontes de receita do Festival.

Do total orçado para esta edição, a Câmara de Almada, que todos os anos comparticipa com 225.000 euros, reforçou esta verba com 50.000 euros, perfazendo 275.000 euros, numa tentativa de minimizar os impactos causados pelo corte do financiamento estatal.

Foto: AFP