Dois anos após terem trazido ao Festival de Almada a nova versão de “I was sitting on my patio”, que teve duas apresentações no Teatro Nacional D. Maria II, o cenógrafo, escultor e dramaturgo Robert Wilson, conhecido por Bob Wilson, e a coreógrafa Lucinda Childs voltam fazer parte da programação do festival, que termina a 18 de julho, acrescentou a Companhia de Teatro de Almada (CTA).
Concebida a primeira vez em 1981, “Relative Calm” foi recriada em 2021 pelos artistas durante a pandemia de COVID-19, em Toulouse, França, como indica o comunicado da CTA, anfitriã do Festival.
Trata-se da terceira vinda a Almada do encenador, cenógrafo, escultor, pintor e dramaturgo nascido em Waco (Texas), em 1941, com trabalho também na área da coreografia, iluminação e sonoplastia.
“Mary said what she said” (2019), um texto de Darryl Pinckney, com música de Ludovico Einaudi, protagonizado por Isabelle Huppert (CCB) assinalou a estreia do encenador, coreógrafo, escultor, pintor e dramaturgo norte-americano no Festival de Almada.
Na 41.ª edição, o festival “volta a programar um alargado conjunto de espectáculos representativos das distintas tendências das artes de palco” modernas, com a arte dramática, “e também as suas contaminações pela dança e pela música", lê-se no comunicado da CTA, que sublinha "o encontro entre os criadores e o público, nos mais palpitantes quinze dias da temporada teatral portuguesa".
“Visitando ambientes musicais tão distintos quanto os de Jon Gibson (“Rise”), Igor Stravinsky (“Pulcinella suite”) e John Adams (“Light over water”), Bob Wilson e Lucinda Childs criam em “Relative Calm” “uma verdadeira máquina hipnótica assente no movimento, no som, na imagem e na luz, consonando uma súmula perfeita do espaço e do tempo”, acrescenta um texto da companhia com sede no Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB).
Os “extraordinários intérpretes do coletivo de dança, a MP3 Project, dirigidos por Michele Pogliani, revelam-se exímios na inaudita tarefa de fundir o universo da dança pós-moderna norte-americana com o dos ballets russes”, sublinha a CTA, citando Bob Wilson que, sobre a sua longa parceria com Lucinda Childs, afirma partilharem sempre “a mesma noção de tempo e de estrutura de uma criação” e que nunca precisam “de falar muito”, pois pensam “da mesma forma”.
No Dia Mundial do Teatro, a CTA pôs também à venda as assinaturas para todos os espetáculos da 41.ª edição, num total de 11 criações internacionais e oito nacionais. O custo de uma assinatura em geral é de 92 euros enquanto para membros do Clube de Amigos do TMJB é de 72 euros.
Entre as criações portuguesas da 41.ª edição, conta-se “Além da dor”, um texto de Alexandre Zeldin encenado por Rodrigo Francisco, em cena de 5 a 17 de julho, no TMJB.
Novas sessões de “Jogging”, um solo da encenadora e atriz libanesa Hanane Hajj Ali, eleito Espectáculo de Honra pelo público em 2023 (de 5 a 7 de julho, na Incrível Almadense), é outra das propostas.
“Sans tambour” (dias 9 e 10 de julho, no TMJB), uma produção do Théâtre des Bouffes du Nord, fundado por Peter Brook, na qual Samuel Achache conta o desmoronar de uma casa perante a surpresa dos seus habitantes, atravessando a narrativa com 'lieder' de Schumann, é um dos espetáculos já confirmados da edição deste ano.
A primeira edição do Festival de Almada data de 1984. Foi no Beco dos Tanoeiros onde se realizou a primeira “Festa do Teatro”, com espetáculos de grupos amadores do concelho dirigidos por elementos da CTA.
Com o impacto da primeira edição, a primeira quinzena de julho transformou o centro histórico de Almada nos anos seguintes “num verdadeiro palco ao livre”. Primeiro, no Pátio Prior do Crato, depois, no Largo da Boca do Vento e na Casa da Cerca
Com realização anual ininterrupta desde o início, o Festival criou o Palco Grande, na Escola D. António da Costa, a escassos metros do TMJB, um espaço que passou a constituir-se uma espécie de 'coração' do festival.
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