
O ex-produtor de cinema Harvey Weinstein reconheceu que agiu "imoralmente", mas insistiu que não cometeu nenhum crime.
As novas declarações suegem numa altura em que o júri está a deliberar pelo segundo dia consecutivo o veredito do seu novo julgamento por agressão sexual na sexta-feira, após seis semanas de depoimentos.
Quase oito anos depois da sua queda, o caso emblemático que desencadeou o movimento #MeToo, Weinstein está a ser julgado após um tribunal de apelo de Nova Iorque ter anulado as suas condenações de 2020, citando irregularidades na apresentação de testemunhas no processo original.
A sentença de 23 anos de prisão do antigo titã de Hollywood pela condenação inicial foi anulada, mas ele cumpre outra pena de 16 anos imposta por um tribunal de Los Angeles, também por agressão sexual.
Embora Weinstein não tenha sido chamado a depor, ele deu uma entrevista transmitida pelo canal FOX5.
"Lamento ter feito a minha família passar por isto, ter feito a minha esposa passar por isto e ter agido de forma imoral... mas nunca foi ilegal, nunca foi criminoso, nunca foi nada", disse.
Weinstein destacou os comentários do seu advogado de defesa, Arthur Aidala, que sugeriu que as três mulheres que testemunharam contra ele no julgamento "tinham quatro milhões de razões para depor, em dólares".
O juiz Curtis Farber emitiu instruções na quinta-feira aos jurados, um dos quais teve de ser trocado por um substituto após adoecer, antes de se retirarem para analisar o veredito.
Ele pediu ao júri que usasse o "bom senso" para esta "decisão tão importante" e lembrou que Weinstein era "presumivelmente inocente".
Na sexta-feira, o júri, composto por 12 jurados, pediu para voltar a ouvir o depoimento emocionado de duas das três mulheres cujas alegações estão a ser analisadas em julgamento: a antiga modelo Kaja Sokola e da aspirante a atriz Jessica Mann.
O júri tem de decidir se Weinstein - acusado de ser um predador sexual por dezenas de mulheres - é cultado de agressão sexual em 2006 à ex-assistente de produção Mimi Hayley e a Sokola, e da violação de Mann em 2013.
"As regras aplicam-se a ele"
"Ele violou três mulheres, todas disseram não", disse a procuradora Nicole Blumberg na quarta-feira, ao relatar o depoimento das três alegadas vítimas de Weinstein que testemunharam no julgamento.
A figura de Hollywood tinha "todo o poder" e "todo o controlo" sobre as alegadas vítimas, e é por isso que os jurados devem considerá-lo culpado, disse.
"O réu achava que as regras não se aplicavam a ele, agora é a altura de lhe dizer que sim."
"Não há dúvida razoável; digam ao réu o que ele já sabe — que é culpado dos três crimes."
Por outro lado, para a defesa, o produtor de sucessos de bilheteira como "Pulp Fiction" e "A Paixão de Shakespeare" manteve relações sexuais consensuais com as três mulheres, que alegadamente pretendiam seduzi-lo para que as ajudasse a entrar na indústria.
"Não estamos aqui para policiar quartos" a menos que tenha havido uma violação, reagiu a procuradora.
Weinstein nunca admitiu ter cometido qualquer crime.
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