Em declarações à agência Lusa, o diretor do FIS, Mário Correia, disse que as viagens musicais da edição de 2019 começam do outro lado do Atlântico, na Patagónia, de onde chegam os Melkisedeck, um grupo fascinado pela herança céltico-britânica que noutros tempos emigrou para terras argentinas, a quem se juntam os Fourth Moon, oriundos de terras escocesas.
"Nesta edição é partilhada e reivindicada a centralidade musical da Península Ibérica, fundo cultural comum a Portugal e Espanha e, ao mesmo tempo, 'o celtismo' da emigração", concretizou Mário Correia.
A caravana intercéltica pode bem embrenhar-se no continente e rumar à Occitania, de onde viajarão até Sendim, no distrito de Bragança, os La Talvera, com passagem pelo País Basco, onde se incorporarão os Kolme Kati, todos portadores de música de raiz aberta ao mundo e dialogante com outros géneros musicais.
Optando pelos caminhos da cordilheira cantábrica, como se seguissem as sendas das peregrinações jacobeias, deverão encontrar-se com os Dorba do celebrado virtuoso das gaitas de foles Xuacu Amieva, baixando então a comitiva por terras de Leão e Castela, juntando-se-lhes La Bazanca e Castijazazz do flautista Carlos Soto (Celtas Cortos), acompanhado pelo Folk Quintet.
O diretor do FIS adiantou que por Sendim se encontrarão três duos de excelência.
Jorge Lira e Paco Díez recriarão repertórios do romanceiro ibérico na sanfona e na guitarra.
Numa outra corrente musical, apresentar-se-ão Carlos Zíngaro e Manuel Guimarães improvisando sobre temas tradicionais transmontanos em violino e piano.
O programa "Adélia" (Ana Correia e Tânia) traduzir-se-á numa evocação/homenagem a Adélia Garcia (1933-2016), cantadeira de Caçarelhos, no Vimioso, conhecida pela qualidade da sua voz, que ganhou popularidade com as gravações feitas pelo projeto de recolha do Centro de Música Tradicional "Sons da Terra" e no âmbito do programa "A Música Portuguesa a Gostar de Ela Própria", de Tiago Pereira.
Previstas estão também numerosas Rondas de Gaiteiros Mirandeses, através das ruas de Miranda do Douro e de Sendim, "com as mais expressivas paisagens sonoras das terras transmontanas", vincou Mário Correia.
Nos 20 anos de existência do FIS é feito um balanço de "altos e baixos" e dos "muitos frutos" do festival, segundos os promotores, tendo em conta a evolução do certame e a afirmação de uma iniciativa que, no início, era "bem diferente do que é agora".
"Começámos por fazer uma travessia do deserto numa altura em que não havia muitos festivais e nós, por terras transmontanas, demos uma predada no charco, agitámos as águas (...) e o Intercéltico afirmava-se", recordou Mário Correia.
Apesar de haver uma evolução do festival, o caminho será de continuidade, numa iniciativa que continuará a privilegiar as atividades de rua e os concertos "mais intimistas".
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