"Esta programação acaba por ser irremediavelmente afetada por esse corte", acrescentou Rodrigo Francisco, sublinhando ter sido elaborada num "contexto de quase emergência" e viabilizada apenas "devido ao apoio da Câmara Municipal de Almada e aos parceiros de há anos do festival".
Só isso nos permite fazer esta "omeleta sem ovos", numa altura em que estamos mesmo "quase sem a casca deles", enfatizou o diretor do Festival, na apresentação do certame, realizada hoje na Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea, nesta cidade da margem sul do Tejo.
Vinte e quatro produções, nove das quais portuguesas e 15 estrangeiras, 11 concertos de entrada livre e quatro espetáculos de rua preenchem a edição deste ano do Festival de Almada, a decorrer de 4 a 18 de julho, em vários espaços da cidade de Almada em algumas salas de teatro de Lisboa.
A programação "possível", nas palavras do diretor do Festival e da Companhia de Teatro de Almada (CTA), anfitrião do certame, num ano em que o apoio atribuído pela Direção-Geral das Artes (DGArtes) à CTA, eu incluí a verba para a produção do Festival, sofreu "um corte de 25% do total", frisou.
Um corte "tanto mais incompreensível e absurdo", pois surgiu a poucos meses do festival, comprometendo e impossibilitando o convite a uma figura maior do panorama teatral, nacional ou internacional, indicou Rodrigo Francisco numa alusão às datas em que foram conhecidos os resultados provisórios e os definitivos dos concursos de apoio às artes da DGArtes.
A 35.ª edição do Festival de Almada está orçada em 576.000 euros, dos quais apenas 91.000 euros (16%) provêm da DGArtes, frisou Rodrigo Francisco, acrescentando que o restante financiamento se deve à Câmara Municipal de Almada, aos parceiros e mecenas do Festival e a receitas próprias.
Rodrigo Francisco sublinhou, porém, que, apesar da redução de 25% do financiamento da DGArtes, relativamente ao quadriénio anterior - o que faz com que a subvenção ao Festival seja já inferior à que existia em 1997 -, esta edição do certame propõe "uma assinalável diversidade de linguagens artísticas", contando com criadores de países tão distintos como Alemanha, México ou Burkina Faso.
Dos 576.000 euros orçamentados para a 35.ª edição, Rodrigo Francisco conta com a comparticipação que está contratualizada com a autarquia local, no valor de 225.000 euros.
Apesar de saber que a Câmara de Almada pretende reforçar a verba para o festival, o diretor do certame não se quer pronunciar, uma vez que este reforço ainda está dependente de aprovação.
Questionado sobre a proveniência dos restantes 260.000 euros que faltam para completar o orçamento (91.000 euros da DGArtes e 225.000 da autarquia), Rodrigo Francisco diz estar a contar com receitas próprias do certame e dos parceiros e mecenas do Festival.
A 35.ª edição do festival conta com nove produções portuguesas (três criações) e 15 estrangeiras.
"Bigre", o melodrama burlesco da companhia francesa Le Fils du Grand Réseau - que abriu a 34.ª edição do festival - volta a abrir a edição deste ano, já que foi o espetáculo de honra escolhido pelo público, no ano passado.
A coreógrafa Olga Roriz será a responsável pelo programa de formação "O sentido dos mestres", a decorrer nos dias 09, 11 e 12 de julho, como é hábito na Casa da Cerca.
A poetisa, dramaturga e tradutora Ivette Centeno é a homenageada nesta edição do Festival, e o pintor Paulo Brighenti é o autor do cartaz.
Paulo Brighenti, que cresceu e estudou em Almada, é também o autor da exposição "Velho Sol", integrada nesta edição do Festival, patente a partir de hoje na Casa da Cerca.
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