Os fãs inundaram a praça Rabin em Telavive, em frente à Câmara Municipal, depois de Netta Barzilai ter vencido o festival com a música de ‘techno dance’ "Toy" ("Brinquedo", em português).
Por toda a cidade havia cartazes a felicitá-la e o edifício da Câmara Municipal foi iluminado com a palavra "Toy".
Netta, de 25 anos, tornou-se uma sensação em Israel graças à sua confiança, carisma e às suas 'performances' em palco, que incluem um som a imitar uma galinha e palavras difíceis de decifrar, assim como o uso de sintetizador.
A vitória - a primeira de Israel desde 1998 e a quarta desde que participa no festival - significa que para o ano o país do Médio Oriente vai receber a competição.
A agência de notícias Associated Press (AP) escreve hoje que perante a sua situação no Médio Oriente, é com grande orgulho que Israel celebra os sucessos internacionais que reforçam a sua imagem, festejando mesmo pequenas realizações desportivas e culturais de forma desproporcionada. A Eurovisão é vista como a prova de que o Estado judaico pode superar aqueles que tentam boicotá-lo por causa do tratamento ao povo palestiniano.
"Aleluia" tornou-se a canção nacional não oficial de Israel depois de vencer a Eurovisão nos anos 1970 e Dana International tornou-se uma heroína nacional e ícone transgénero global quando venceu com "Diva", em 1998.
Após a vitória de sábado em Lisboa, Netta recebeu telefonemas de felicitações dos líderes políticos do país, incluindo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
"É um momento de alegria que nos junta a todos, é um consenso", disse Izhar Cohen, que conquistou a primeira coroa de Israel na Eurovisão, há 40 anos, citado pela AP, considerando que o concurso permite agregar um país separado por “tantas visões e lados políticos”.
Quando foi declarada vencedora da 63.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, Netta gritou no palco da Altice Arena, em Lisboa: "Eu amo o meu país. Da próxima vez, em Jerusalém!".
Também Benjamin Netanyhau escreveu na rede social ‘Twitter’: "Para o ano, em Jerusalém".
No entanto, no final da conferência de imprensa com a vencedora, um dos diretores do festival, Jon Ola Sand, disse que ainda “não foi definida cidade nem data”.
Israel ganhou a Eurovisão quando celebra o Dia de Jerusalém, o aniversário da ‘unificação’ da cidade após a guerra de 1967, e nas vésperas de os Estados Unidos abrirem oficialmente a sua embaixada na cidade, esta segunda-feira.
Israel conquistou Jerusalém Oriental, juntamente com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, na guerra de 1967. Os palestinianos continuam a reclamar Jerusalém Oriental como a capital do seu futuro estado.
Na segunda-feira, os israelitas comemoram também os 70 anos do Estado de Israel, proclamado em 14 de maio de 1948.
A Eurovisão coincide ainda com vitórias de Israel noutras frentes, desde logo, o reconhecimento pelos EUA de Jerusalém como a capital do país e a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de desvincular Washington do acordo nuclear com o Irão, Estado inimigo de Israel.
Benjamin Netanyhau escolheu abrir a reunião de hoje do Governo com a vitória de Netta: "Jerusalém está a ser abençoada com muitos presentes. Recebemos outro na noite passada com a vitória emocionante e cheia de 'suspense' de Netta".
“Toy” tem um refrão que diz: "Eu não sou seu brinquedo, seu rapaz estúpido, eu vou-te derrubar". Segundo Netta, é uma música sobre o poder feminino.
A aparência física de Netta acabou com as noções tradicionais sobre o que é preciso para ser uma estrela 'pop', tendo-se tornado um modelo para muitas mulheres. O seu peso, as cores fortes com que se veste e os movimentos da galinha tornaram-se a sua marca.
"Muito obrigada por escolherem diferente. Muito obrigada por aceitarem as diferenças entre nós. Obrigada por celebrarem a diversidade", disse Netta, no seu discurso de vitória.
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