Na segunda semifinal do Festival da Canção, que decorreu este domingo, 24 de fevereiro, na RTP1, Diogo Piçarra destacou-se, sendo o mais votado da noite, com 24 pontos (12 pontos do júri e 12 pontos do público). O jovem cantor apresentou "Canção do Fim" que, horas depois da transmissão televisiva, começou a ser comparada com um tema da Igreja Universal do Reino de Deus.
Depois da polémica nas redes sociais, o cantor decidiu desistir do Festival da Canção. O anúncio foi feito nas redes sociais. "A toda esta família, informo que decidi terminar a minha participação no Festival da Canção", escreveu o músico.
"Não existem palavras para agradecer todo o apoio e carinho que tenho recebido nas últimas 24 horas de colegas de profissão, amigos, família e fãs. A minha posição mantém-se em relação à minha música, a consciência tranquila e cabeça erguida. Mas não pretendo alimentar mais esta nuvem. Tudo isto que se criou em torno da minha participação, já não é Música", frisou Diogo Piçarra.
A canção de Aline Frazão, interpretada por Susana Travassos, vai substitui a de Diogo Piçarra na final do Festival da Canção, agendada para domingo, em Guimarães. Cláudia Pascoal, Maria Inês Paris, Minnie & Rhayra, Lili, David Pessoa, Peter Serrado, Peu Madureira , Janeiro, Catarina Miranda, Anabela, Joana Barra Vaz, Joana Espadinha e Rui David são os finalistas.
Em comunicado, a RTP frisa que "compreende e respeita a decisão do compositor e intérprete Diogo Piçarra de retirar 'Canção do Fim' do Festival da Canção 2018". "Independentemente dos argumentos e questões colocadas sobre o tema, a RTP não duvidou em momento nenhum da integridade do artista, cuja carreira já fala por si", acrescenta a estação.
No comunicado partilhado nas redes sociais, o cantor sublinha ainda que teria "orgulho" em "representar o meu país num concurso como a Eurovisão". "Já não faz sentido nenhum sequer tentar ganhar essa oportunidade", acrescenta.
"A minha carreira e vida não dependem disto, só depende de vocês e nesse sentido sei que estarei para sempre bem acompanhado. A todos os concorrentes espero que saia do Festival da Canção o próximo vencedor da Eurovisão 2018, e estarei aqui, como todos os portugueses, a aplaudir de pé.
Obrigado por tudo", escreveu Diogo Piçarra.
Em comunicado, a Universal Music Portugal frisa também que "tem um orgulho imenso em representar" Diogo Piçarra, "um artista, com o talento, profissionalismo e sensibilidade". "O Diogo tem ao longo dos últimos anos presenteado a música portuguesa com alguns dos seus maiores sucessos, canções que vão ficar na história. Todos que o conhecem, ou testemunham apenas um concerto, sabem toda a entrega, paixão e honestidade que coloca em cada minuto da sua música. O Diogo jamais colocaria em risco a sua brilhante carreira, conscientemente, perante um concurso com repercussão nacional e internacional", assinala a editora.
Em comunicado enviado pela Universal Music na segunda-feira, depois da polémica se instalar nas redes sociais, Diogo Piçarra frisou que "a ideia para a 'Canção do Fim' surgiu em 2016, juntamente com muitas outras do meu mais recente disco 'do=s'". "Mantive-a guardada por achar algo especial, no entanto, a sua simplicidade e a sua progressão de acordes não é algo que não tenha sido inventado, tal como tudo na música", explica.
"A simplicidade tem destas coisas e só quem não cria arte é que nunca estará nesta posição. Faz parte da vida de um compositor e é algo que todos nós iremos “sofrer” a vida toda. E é engraçado como a vida tem destas coisas, coincidência divina ou não, e perceber que a Internet é o verdadeiro juíz dos tempos modernos. Aclama mas também destrói", frisou Diogo Piçarra.
Diogo Piçarra assinalou ainda que "as melodias na música não são ilimitadas". "Nunca participaria num concurso nacional com a consciência de que estava a plagiar uma música da Igreja Universal. Teria agarrado na guitarra e feito outra coisa qualquer", garantiu.
"Afinal as pessoas 'quando olham, vêem tudo', no entanto, só o lado mau que procuram destruir. Mas, infelizmente, informo que isso nunca acontecerá", sublinhou o músico.
O tema da IURD "Abre os Meus Olhos" faz parte do álbum religioso "Cânticos do Reino" e apresenta semelhanças com a canção composta e interpretada por Diogo Piçarra no Festival da Canção.
Assista aqui à atuação de Diogo Piçarra:
Veja o cântico da IURD "Abre os meus olhos"
No clip de apresentação de "Canção do Fim" apresentado durante a segunda semifinal do Festival da Canção, Diogo Piçarra disse ter tentado "fugir às músicas românticas", acrescentando que quis fazer uma crítica à sociedade.
Em cada semifinal foram apresentadas 13 canções, sendo apurados sete intérpretes em cada evento. Nesse momento foram escolhidos os 14 finalistas que marcarão presença na final que irá decorrer no Pavilhão Multiusos, em Guimarães, com vista a apurar o representante de Portugal no Festival da Canção de 2018, a realizar-se em Lisboa, no dia 12 de maio.
Os finalistas foram escolhidos com base no voto do público e dos jurados. Tal como em 2017, Júlio Isidro (ou 'Júri Isidro', com diz o próprio) volta a ser presidente do júri. Ana Bacalhau, Ana Markl, António Avelar Pinho, Carlão, Tozé Brito, Luísa Sobral, Sara Tavares e Mário Lopes vão ser os jurados do Festival da Canção.
Aline Frazão, Armando Teixeira, Benjamim, Bruno Cardoso, Capicua, Diogo Clemente, Diogo Piçarra, Francisco Rebelo, Fernando Tordo, Isaura, João Afonso, Jorge Palma, José Cid, JP Simões, Júlio Resende, Mallu Magalhães, Miguel Ângelo, Minta, Nuno Rafael, Paulo Flores, Paulo Praça, Tito Paris, Janeiro, Daniela Onis, Peter Serrado e Rita Dias foram os compositores convidados e os responsáveis por escolher o intérprete para a sua canção.
O vencedor da seleção nacional será o 50º representante de Portugal no Festival da Eurovisão.
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