
Vem da banda desenhada: a grande vulnerabilidade do Super-Homem é o kriptonite, o mineral fictício do seu planeta de origem.
Mas no mundo real, a convicção do principal responsável pela mais recente incarnação do super-herói da DC no grande ecrã é que o ponto fraco é um certo "antiamericanismo".
Escrito e dirigido por James Gunn, que também é um dos presidentes executivos da DC Studios, "Superman" não está a fracassar, antes pelo contrário: as receitas de bilheteira globais chegaram aos 433 milhões de dólares só nas primeiras duas semanas (368,52 milhões de euros, à cotação do dia), ultrapassando já o total dos dois primeiros lançamentos este ano da rival Marvel, "Capitão América: Admirável Mundo Novo" e "Thunderbolts*".
No entanto, uma tendência mantém-se desde a estreia a 9 de julho: as receitas dos EUA e Canadá representam 60% (260 milhões de dólares), praticamente o inverso de outros grandes sucessos do verão: "Lilo & Stitch", "Um Filme Minecraft", "Mundo Jurássico: Renascimento", "Como Treinares o Teu Dragão", "Missão Impossível 8" e "F1: O Filme" conseguiram entre 55 e 67% dos seus totais nas bilheteiras internacionais. E antes da pandemia, era normal as grandes produções conseguirem 70% fora da América do Norte.
O slogan "Truth, Justice & the American Way? ["Verdade, Justiça e o espírito americano", em tradução livre) está associado ao super-herói desde os primórdios da banda desenhada e foi minimizado ao máximo pelos especialistas de marketing do estúdio Warner Bros. na campanha para o mercado internacional. James Gunn desdobrou-se em fazer a transição do “the American way” para “the human way”, referindo-se à exploração do lado humano da personagem.
A nível internacional, os melhores mercados de "Superman" foram a Grã-Bretanha, México, Austrália, França e China. Mas no mesmo dia em que estreou nos cinemas americanos, a Casa Branca sobrepôs Donald Trump num dos cartazes oficiais do filme com a legenda "O SÍMBOLO DA ESPERANÇA. VERDADE. JUSTIÇA. O ESTILO AMERICANO. SUPERMAN TRUMP".
Sem se referir ao presidente norte-americano, James Gunn está ciente da difícil situação fora de fronteiras.
“Sem dúvida que estramos com um desempenho melhor no mercado interno do que no mercado internacional, mas este também está a crescer e a apresentar números realmente bons durante os dias da semana, tal como cá. Portanto, o boca a boca é muito positivo, tanto aqui como nos outros lugares todos. Que é o que mais precisávamos fazer. Ao mesmo tempo, há certos países nos quais o desempenho está realmente bom. Brasil e Grã-Bretanha”, disse o cineasta à revista Rolling Stone.
E acrescentou: “O Super-Homem não é bem conhecido em alguns lugares. Não é um super-herói muito conhecido em alguns lugares como o Batman. Isso afeta as coisas. E também afeta o facto de de termos um certo sentimento antiamericano agora à volta do mundo. Realmente não nos está a ajudar".
Gunn descreve o lançamento e a recção positiva já como "vitória total" para a "semente da árvore" plantada há três anos e que agora é uma "questão de deixar crescer".
Resta saber até onde poderá crescer a produção que terá custado 225 milhões de dólares, sem incluir o marketing: além da forte concorrência ainda do mais recente capítulo da saga "Mundo Jurássico", chegou esta semana aos cinemas "O Quarteto Fantástico: Primeiros Passos", a terceira e última super produção da Marvel para 2025.
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