Instituído pela Associação Portuguesa de Tradutores (APT), com o patrocínio da Sociedade Portuguesa de Autores, o Grande Prémio tem um valor monetário de 2.500 euros, e foi este ano atribuído a António Sousa Ribeiro, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) e investigador do Centro de Estudos Sociais (CES).
De acordo com a APT, foram ainda distinguidos, com menções honrosas, Maria do Carmo Figueira, pela tradução de "A Vegetariana", de Han Kang, das Publicações D. Quixote, e Carlos Leite, por "Morrer Sozinho em Berlim", de Hans Fallada, da Relógio D'Água.
O vencedor do Grande Prémio, António Sousa Ribeiro, tem-se dedicado à tradução literária incidindo especialmente na língua alemã, designadamente de obras de Karl Kraus, Bertolt Brecht e Franz Kafka.
“Os Últimos Dias da Humanidade”, que nesta edição portuguesa tem cerca de 900 páginas, constitui um dos textos fundamentais da literatura austríaca e europeia do século XX.
Publicada em 1919 e, na versão definitiva, em 1922, apresenta, numa perspetiva satírica e a partir de uma feroz crítica anti-belicista, o panorama multifacetado de uma sociedade em desagregação, que sobrevive no paroxismo de uma cultura da violência.
A tradução de António Sousa Ribeiro esteve na base da encenação de Nuno Carinhas e Nuno M. Cardoso, estreada pelo Teatro Nacional São João, no Porto, em 27 de outubro de 2016, e representada este ano, em Lisboa, no Teatro Nacional D. Maria II.
António Sousa Ribeiro assinara igualmente a tradução da primeira edição portuguesa desta obra do dramaturgo austríaco, publicada pela Antígona, que reunia uma seleção de 115 cenas das 209 que constituem o texto original.
Além da investigação e da tradução literária, António Sousa Ribeiro dedica-se ao ensino, sendo professor catedrático do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas (Estudos Germanísticos) da FLUC, e é cocoordenador dos programas de doutoramento em “Discursos: Cultura, História e Sociedade” e em “Pós-Colonialismos e Cidadania Global”.
Entre 1991 e 2008, foi responsável pela Revista Crítica de Ciências Sociais e tem exercido diversos cargos ao longo da sua trajetória de docente e investigador, incluindo os de presidente do Conselho Científico da Faculdade de Letras, presidente do Conselho Científico do CES, e diretor do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas desta Faculdade, sendo atualmente coordenador da direção do CES.
António Sousa Ribeiro tem publicado extensamente sobre temas de literatura de expressão alemã (com especial destaque para Karl Kraus e a modernidade vienense), literatura comparada, teoria literária, estudos culturais e estudos pós-coloniais.
Entre as suas atuais áreas de interesse, destacam-se os estudos sobre literaturas e culturas de expressão alemã, a literatura comparada, os estudos pós-coloniais, os estudos de tradução, os estudos sobre o Modernismo e estudos sobre temas de violência, cultura e identidades.
Através do Grande Prémio de Tradução Literária, a Associação Portuguesa de Tradutores e a Sociedade Portuguesa de Autores procuram destacar a tradução como exercício de autoria em literatura, e dar ao tradutor “o lugar que merece no mundo da cultura nacional e internacional”.
A cerimónia de entrega do prémio e das menções honrosas terá lugar na próxima sexta-feira, dia 15 de dezembro, pelas 17:30, na sede da Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa, de acordo com a Associação Portuguesa de Tradutores.
Em 2016, o Grande Prémio de Tradução Literária APT/SPA foi entregue, em ex-aequo a Rui Carvalho Homem, pela tradução de "Ricardo III", de Shakespeare, publicado pela Editora Relógio D'Água, e a Rui Pires Cabral, pela versão portuguesa de "Na Margem", de Rafael Chirbes, da editora Assírio & Alvim.
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