A banda da Carolina do Norte estreou-se em Portugalem pleno renascimento deste género americano, em grande parte graças ao antigo colega e sempre colaborador Justin Vernon, ou Bon Iver, que obteve recentementedois Grammy’s, tendo muito dado que falar em 2011.Vieram a Lisboa terminar a tournée europeia e trouxeram o mais recente disco homónimo na bagagem.
A cidade de Barcelos tornou-se, recentemente, um símbolo do rock nacional. Além de acolher ofestival Milhões de Festa, é também casade nomes como Glockenwise e Black Bombaim. Os ALTO!, constituídos por elementos dos Black Bombaim e dos Green Machine, são uma espécie de destilação do que melhor se tem feito na cidade e responderam à promessa do rock americano, compensando a falha geográfica com um rock endiabrado e rebelde. Mostraram as músicas do disco de estreia com toda a intensidade, ao mesmo tempo que destacaram o lado mais dançável do álbum homónimo.
No entanto, se o confronto era entre os dois géneros, a vitória foi do folk. Não por falha do grupo, que, graças à bateria quase tribal, ao órgão saído dos anos 60 ou 70 recordando bandas como Doors, ao esforço incansável do vocalista, com desafios provocadores - “vocês são muito amáveis, mas pouco dançarinos” - e às descidas para a frente do palcocom ocabo do microfone enrolado à volta do pescoço, fez as delícias de alguns jovens e mostrou que, apesar de vencido, saiu de cabeça erguida. Nãofoi poupadonas palmas,contudo a audiência poupava-se para o segundo ato...
Os Megafaun(ou “Megafun”, como alguns elementos da audiência insistiam em gritar) subiram ao palcoexibindo as suaslongas barbasrústicas (como convém a um artista folk atual). No entanto, dois dos elementos, ao contrário do que era esperado, surgiram completamente barbeados - uma pequena deceção despachada logo no início, pois, assim que começaram a tocar, não deixaram espaço para mais nenhuma, com músicas como His Robe, do primeiro disco, a dar espaço à audiência para cantar em conjunto “I've been walking on this road, this road, this road. Waiting for his hands to wash my own, my own, my own”, enquanto dançava.
Seguiram-se momentos mais calmos, graças a músicas como Kill the Horns, pautados por pequenas explosões de psicadelismo que marcam o som do quarteto da Carolina do Norte e o distingue dos seus pares.
Após tocarem perto de uma dezena de músicas e se retiraram do palco, os Megafaun teriam dadoum bom concerto. Porém, a noite só estava a começar, com a banda a voltar para uma pequena lição de dança por parte do baterista - "1º passo: mãos na cabeça; 2º: rodar as ancas e repetir “tcha-pau”em alto e bom som".
De seguida, outra verdadeira delícia para a audiência. Tiraram-se os cabos às guitarras, e o quarteto desceu do palco para tocar mesmo no meio da sala. O público transformou-se num coro e nadamais o separoudos músicos. Houve muitos cumprimentos, abraços e até um beijo roubado por um elemento da banda a alguém que estava distraído. Só não houve fotos, a pedido da banda. Parecia mesmo ser o final perfeito para uma tournée, mas ainda houve espaço para mais uma música. Mais uma para o caminho...
ALTO!
Texto: Henrique Mourão
Fotografias: Joanica Cardoso
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