Pouco passava das 21h30 quandose apagaramas luzes e a banda subiu ao palco. De imediato, foi possível ver que este não seria um concerto “normal”, mas quase uma peça de teatro, devido ao cenário e a todo o seu meio envolvente. Toda a banda estava mascarada,aparentemente pronta paraum verdadeiro filme de terror.O vocalista, Adolfo Luxúria Canibal,interpretava Freddy Krueger, com as tradicionais garras, o chapéu e a camisola de riscas a condizer,sendo quea restante banda também não sei deixou ficar: havia uma cabeça de girafa, uma cabeça de abóbora e nem mesmo a madrasta da branca de neve faltou.
O público, maioritariamente jovem, aplaudia enquanto a banda dava os primeiros acordes ao som de Tiago Capitão. Não sendo um concerto de pop/rock, era notório que poucos estavam a reagir, no entanto, a tradicional batida com a cabeça fazia parte em todas as músicas.
Adolfo Canibal, sempre com o seu ar muito reservado, pouco falava com a plateia, a não serpara dizer o nome da música seguinte. Apresentou,assim,Ventos Animais. Mais do que as suas músicas, as letras associadas quase sempre transmitem uma mensagem poderosa,obrigando o público a estar algo atento, algo quieto.
Vamos Fugir e Teoria da Conspiração foram os temas que se seguiram, sendo que esta última era conhecida praticamente por todos os espectadores ali presentes.Não há dúvida que abanda, que recentemente actuou ou Festival Optimus Alive!,ganhouuma grande quantidade de fãs, provando com tal feitoque a música nacional consegue ter sucesso em várias vertentes e não só no aspecto comercial.
E eis que Adolfo, ou Freddy Krueger - como preferirem -, apresenta a banda, não pelos verdadeiros nomes, mas sim pelas personagens que estavam a vestir.
O ritmo manteve-se ao longo de todo o concerto:o vocalistafazia uma pequena introdução e revelava o nome da música que se seguia.O público aplaudia invariavelmente. Berlim, Paris e O Seio Esquerdo de R.P. foram os temas seguintes, com Adolfo Luxúria Canibal a levar a interpretação ao extremo, mostrando expressões, movimentos e gestos, qual peça de teatro ao vivo.
Com o público já mais desperto, surge Tu Disseste,que, finalmente, provoca uma reacção calórica da plateia. Poucos não sabiam a letra. Um enorme aplauso foi sentido no final. Opúblico presente estava, indiscutivelmente, a gostar e queria mais.
Até Cair e Novelos da Paixão seguiram-se e o público, mais uma vez, respondeu e muito bem, cantando e pronunciando algumas notas junto com a banda, que, por esta altura, já havia retirado as máscaras e revelado a sua verdadeira aparência. O tempo não parou e Tetas da Alienação, seguida de E Se Depois, introduziram um novo ambiente na sala. As cabeças abanavam, o pé batia no chãoe as palmas também se ouviam. Até a organização do eventose encontrava de pé, reagindo ao som contagiante da banda.
Tardes de Inverno, Lisboa e Cão da Morte foram os últimos temas tocados, antes da banda regressar para o encore. Um rock forte caracterizava o momento. O público estava visivelmente satisfeito.
A banda saiu do palco, sem uma grande despedida. Era uma questão de tempo até pisarem o palco novamente.
Metalcarne, Fazer de Morto e1.º de Novembro fizeram-se logo ouvir,mas foi Chabala, que chegou em último, que colocou toda a plateia a cantar junto com os seus ídolos. Adolfo estava visivelmente contente e, mesmo já tendo dado muitos concertos, este, com certeza, será um dos que nunca irá esquecer.
Texto: José Aguiar
Fotografia: Filipa Oliveira
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