Desde os primeiros passos da carreira que os Imagine Dragons têm vindo a conquistar um lugar cativo na banda sonora da vida de milhares de fãs em todo o mundo. Ao longo dos anos, de álbum em álbum, os sucessos têm-se multiplicado nas rádios e plataformas de streaming. Mesmo quem não se considera fã conhece - e provavelmente sabe cantar - pelo menos alguns dos grandes singles dos norte-americanos.

A cada novo disco, o grupo liderado por Dan Reynolds tem acumulado mais êxitos e refinando a sua capacidade de criar refrães ‘orelhudos’, feitos para serem entoados por multidões. Muitos desses temas são verdadeiros hinos de estádio — e agora estão a ser apresentados e celebrados ao vivo em palcos com essa escala.

Esta quinta-feira, dia 26 de junho, o grupo estreou-se no Estádio da Luz, em Lisboa, e foi recebido com euforia por mais de 50 mil fãs de todas as idades - famílias de norte a sul do país, casais e amigos juntaram-se para celebrar a carreira da banda. A "LOOM World" é a primeira grande digressão europeia de estádios do grupo de Las Vegas com paragens em 16 países, incluindo Espanha, Itália, Suíça, Suécia, Noruega, Hungria, Chéquia, França, Bélgica, Alemanha, entre outros.

A festa dos Imagine Dragons com os fãs de Portugal arrancou um pouco depois das 21h00. A primeira parte do concerto ficou a cargo de Declan McKenna, artista destacado na lista final do BBC Sound of 2024.

Depois de uma introdução pré-gravada, o vocalista Dan Reynolds , o guitarrista Wayne Sermon, o baixista Ben McKee e o baterista  Andrew Tolman subiram a palco e rapidamente mostraram ao que vinham: oferecer uma noite cheia de energia e com muitas emoções. 

O pontapé de saída foi ao som de “Fire This Hills”, um dos temas do novo álbum dos Imagine Dragons. "Loom”, editado no final de junho de 2024, é o mote de toda a digressão e reflete um período de mudanças na vida do vocalista, que se separou da sua esposa após 13 anos de casamento. 

"Olá, Lisboa. Obrigado", disse o cantor ao cumprimentar a multidão, enquanto passeava pela ‘passarele’ que atravessava o relvado do estádio. Durante toda a noite, Dan Reynolds correu pelo palco, promovendo sempre a proximidade com a plateia.

IMAGINE DRAGONS
IMAGINE DRAGONS créditos: Rita Sousa Vieira

A primeira grande explosão de energia aconteceu à segunda canção, com “Thunder”, um dos grandes sucessos do terceiro álbum de estúdio da banda, “Evolve” (2017). Entre saltos, dança e coros com eco, a festa seguiu com “Bones” e “Take Me to the Beach", que transformou o cenário numa praia tropical e nem as bolas de praia infláveis ​​XXL ficaram de fora.

Nos primeiros 15 minutos sentiu-se a energia que normalmente se sente na reta final dos concertos - a multidão em celebração total, a cantar todos os versos, com o líder da banda a ser o capitão desta grande equipa com mais de 50 mil pessoas.

Ao piano, Wayne deu os primeiros toques para "Shots" e a euforia da multidão renovou-se. Seguiu-se “I'm So Sorry” (com solo de guitarra) e “Whatever It Takes”, que fez aumentar a temperatura do estádio, já com o vocalista sem camisola. "Adoro-te, Lisboa", disse o músico.

Depois da primeira parte com ritmo acelerado, os Imagine Dragons lançaram duas setas diretas aos corações dos fãs: em formato acústico, Dan Reynolds e companhia juntaram-se na frente do palco para “Next to Me” e “I Bet My Life”, com Dan Reynolds a cumprimentar os fãs nas primeiras filas.

IMAGINE DRAGONS
IMAGINE DRAGONS créditos: Rita Sousa Vieira

Entre lágrimas e sorrisos, o desfile de hits continuou com “Bad Liar”, “Wake Up” e “Radioactive”, que incendiaram o público numa explosão de energia e festa. Todos cantaram em uníssono, numa verdadeira celebração coletiva, com milhares de vozes alinhadas a ecoar pelas bancadas e relvado.

Depois de mais uma dose de adrenalina, o vocalista sentou-se ao piano para cantar ao coração dos fãs. Com muitos dos fãs com um brilhozinho nos olhos, Dan Reynolds fez a multidão suspirar ao som de “Demons”, um dos sucessos do primeiro álbum dos Imagine Dragons,  “Night Visions” (2013).

Sem pausas, seguiu-se “Natural” e “Walking the Wire", que foi antecipada com um discurso emotivo sobre saúde mental. "Em primeiro lugar, eu adoro-vos. Adoro esta cidade. Há tanto coração, tanta paixão, tanta energia, tanta arte incrível. Obrigado por nos receberem aqui. Em segundo... Enquanto durar - não sei, pensei que ia ser um ano, mas acabaram por ser cinco anos, depois 10, e agora estamos em 15 -, a razão pela qual os Imagine Dragons existem é apenas para vos fazer sentir alegria. Esse é o nosso único objetivo. E nem é por alguma razão altruísta. É porque eu adoro a alegria. Estou a persegui-la. Adoro a vida. Adoro viver. Adoro ver pessoas, conhecer pessoas", frisou.

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IMAGINE DRAGONS créditos: Rita Sousa Vieira

"Adoro experimentar o que quer que isto seja. Sou uma alma que questiona, uma mente que questiona. A música é um grande elemento de ligação. Mas, dito isto, devo dizer-vos que, durante toda a minha vida, também lutei com o outro lado. Tenho lutado contra a depressão. Tenho lutado contra a ansiedade", lembrou.

"Espero que saibas que, se estás a passar por dificuldades, não estás sozinho. Por favor, não estás sozinho. Quero que saibas que há pessoas à tua volta que te amam e que se preocupam contigo. Não guardes isso para ti mesmo. Fala com alguém. Conversa com um membro da família, um amigo. Faz terapia. Eu faço terapia há muitos anos. Não te torna fraco, isso não quer dizer que haja algo de errado contigo.  Isso faz de ti uma pessoa mais sábia. Por favor, fica connosco. A tua vida vale sempre a pena ser vivida", acrescentou, emocionado.

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IMAGINE DRAGONS créditos: Rita Sousa Vieira

A festa continuou com “Sharks”, “Enemy” e “In Your Corner”, que foram, tal como todas as canções, celebradas pelas mais de 50 mil pessoas que encheram o Estádio da Luz, em Lisboa.

Depois de quase duas horas, os Imagine Dragons ainda tinham sucessos para servir - nem todas as bandas podem criar um alinhamento só com ‘hits’ que são conhecidos por fãs (e não só).

Para a reta final, a banda guardou dois dos momentos mais aguardados da noite: “Birds” e “Believer”. A primeira trouxe um momento de pura emoção, com o público iluminado pelas lanternas dos telemóveis, enquanto a segunda explodiu numa catarse coletiva de saltos, gritos e palmas. Foi o culminar de uma noite que, mais do que um concerto, foi uma celebração da música e da ligação entre a banda e os fãs.

Depois do apito final e da montanha russa de emoções, os Imagine Dragons saíram do estádio como campeões. Um concerto vibrante e emotivo que confirmou, mais uma vez, que a relação da banda com Portugal é forte e é para continuar. "Voltaremos em breve", prometeram.