“Gostaríamos de convencer todos os grandes estúdios de que deveriam manter os filmes nos cinemas por mais tempo”, diz o presidente executivo da AMC, o maior exibidor de cinema nos EUA e no mundo (entre as suas salas estão as da UCI Cinemas).

As recentes declarações na apresentação dos resultados da atividade do último trimestre de 2024 (via Deadline) são as mesmas que Adam Aron tinha vindo a fazer de forma mais discreta: os cinemas não estão contentes com as atuais 'janelas' de exibição, o termo da indústria para o período de exclusividade dos filmes nas diferentes fases da sua rentabilização (cinemas, video-on-demand, streaming, TV).

O CEO da AMC reconheceu aos investidores e à imprensa que essas janelas foram reduzidas por causa da pandemia, mas acrescentou que onde podem ir parar é “um debate muito intenso neste momento”.

As experiências dos estúdios de Hollywood durante e após a pandemia levaram a média da exclusividade dos cinemas descer de uma média de 74 dias para 45, explicou antes de acrescentar que os prazos são ainda mais pequenos para alguns filmes, numa referência à Universal Pictures, que usa 17 dias para a generalidade dos seus lançamentos  e 30 para os sucessos de bilheteira antes de passar para o aluguer digital.

Atualmente, a Disney é o estúdio com a janela exclusiva mais longa para os cinemas: 60 dias.

“Acreditamos que todos ganhariam mais dinheiro se as janelas fossem maiores. Portanto, fiquem atentos, continuaremos a ver o que podemos fazer para convencer a indústria de que deve ser firme à volta deste número dos 45 dias. E quando chegarmos lá, talvez possamos estendê-lo para 60 dias ou 74 dias, como era antes da pandemia. Iremos aprender todos juntos, mas este é um tema que está a ser muito discutido", disse.

Questionado sobre a relação dos cinemas com os estúdios de streaming, Adam Aron disse que "há streamers e depois há streamers".

Ou seja, destacou a Apple e a Amazon como estúdios que estão ativamente a fazer estreias a sério nas salas dos seus filmes, mas diz que gostaria de conseguir convencer a Netflix a fazer o mesmo, o que não aconteceu até agora.

“Surgiu um consenso geral em Hollywood — não por todos, mas pela maioria — de que os filmes de maior sucesso nas plataformas de streaming são aqueles que vão primeiro aos cinemas, e aqueles que têm um grande lançamento nos cinemas normalmente acabam por ser os mais vistos nos serviços de streaming”, notou.