Ainda a celebrar o sucesso nos Óscares e no Festival de Berlim, o cinema latino-americano junta-se a partir desta sexta-feira (16) para o 30º festival de Toulouse, com uma programação igualitária, reflexo, segundo os organizadores, da força das cineastas na região.
Desde o começo, o Cinelatino acompanha o avanço da produção na América Latina, que este mês venceu o Óscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira ("Uma Mulher Fantástica", do chileno Sebastián Lelio),numa edição na qual "A Forma da Água", do mexicano Guillermo del Toro, levou os prémios de Melhor Filme e Realização.
Ao fazer um balanço das três décadas do festival, o cofundador Francis Saint-Dizier recordou a situação precária do cinema latino há 30 anos, vítima colateral de ditaduras que asfixiaram a cultura, e celebrou o bom momento.
"Há toda uma geração de cineastas que, graças ao cofinanciamento [entre países], encontrou os recursos para fazer um filme", disse Saint-Dizier.
"A criação de cursos de cinema em todos os países da América Latina e a revolução digital deixaram as filmagens mais simples e baratas", completou.
O festival de Berlim do mês passado comprovou os avanços, quando uma longa-metragem do Paraguai, país sem tradição no cinema, foi premiada: "Las Herederas" rendeu o Urso de Prata de Melhor Atriz para Ana Brun.
O Cinelatino de Toulose terá 12 filmes na mostra oficial, que prossegue até 24 de março, incluindo os argentinos "Zama", de Lucrecia Martel [foto], e "Sinfonia para Ana", além de duas longas sobre o Período Especial em Cuba ("Candelaria" e "Sergio & Serguéi") e "Severina", com um elenco internacional e baseado num conto do guatemalteco Rodrigo Rey Rosa.
Completam a seleção os brasileiros "Azougue Nazaré" e "Mormaço", o chileno "Cabros de mierda", "El silencio del viento" (Porto Rico) e as coproduções "Matar a Jesús", da colombiana Laura Mora, "Princesita", da chilena Marialy Rivas, e "Temporada de caza", da argentina Natalia Garagiola.
Entre os realizadores estão seis homens, cinco mulheres e um filme com realização mista. Na mostra de documentários o domínio é feminino: seis mulheres e um homem.
"Há muitas cineastas na América Latina que fazem filmes de grande qualidade. Por isto nosso festival geralmente tem uma paridade", afirmou Saint-Dizier.
A atriz Paulina García ("Gloria") será a convidada de honra desta edição.
O documentário "No intenso agora", do brasileiro João Moreira Salles, também será exibido. Saint-Dizier afirmou que deseja evitar o "olhar etnocêntrico que existe na Europa" sobre o maio de 1968, que completa 50 anos, e recordar que o movimento de revolta popular foi internacional.
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