
Depois da decisão das autoridades ucranianas, a organização do Festival Eurovisão da Canção tentou conversar com os governos dos dois países para tentar resolver a situação. Em comunicado partilhado esta quinta-feira, 23 de março, a UER esclarece que objetivo é ter todos os candidatos em Kiev mas, se a proibição de entrada no país aplicada à candidata russa, Julia Samoilova, não for suspensa, a mesma será autorizada a atuar via satélite.
"Oferecemos à Channel One Rússia a oportunidade para a Julia atuar ao vivo via satélite, uma vez que intenção da UER é que todos os radiodifusores que decidiram participar na Eurovisão o façam, tal como aconteceu em todos os eventos anteriores", frisa a organização em comunicado.
Em resposta à proposta da UER, o Ministro da Ucrânia e responsável político pelo Festival Eurovisão 2017, Vyacheslav Kyrylenko, frisou que não será permitida a presença de uma "persona non grata" na televisão pública. "A UER, com esta posição, está a politizar o concurso. Transmitir a atuação de Julia Samoylova na televisão da Ucrânia é a mesma violação da lei que a sua entrada no território. A UER deve ter em consideração a legislação do país", defendeu o responsável, segundo o site ESCKAZ.com.
"A possível solução para a resolução deste problema é a substituição desta artista por outra que não tenha violado as leis da Ucrânia", concluiu Vyacheslav Kyrylenko.
Na nota partilhada no site oficial, Frank-Dieter Freiling, presidente do festival, manifesta ainda a sua esperança de que o governo ucraniano mude de ideias, possibilitando a entrada de Julia Samoilova no país.
Julia Samoilova conquistou os jurados do concurso local, organizado pela estação russa de televisão Pervy Kanal, com o tema "Flame is Burning", garantindo assim um lugar no Festival da Eurovisão deste ano.
Esta não é a primeira vez que existe tensão entre os dois países na Eurovisão. No ano passado, a concorrente ucraniana, Jamala, apresentou "1994" no festival, canção sobre a história dos seus avós, que foram deportados da Crimeia para a Sibéria na era de Estaline. A cantora acabou por vencer a edição de 2016 com o tema dedicado aos milhares de muçulmanos que não conseguiram sobreviver à travessia até à Ásia Central.
A Rússia, que anexou a Crimeia em março de 2014, viu na vitória ucraniana “subentendidos políticos” e protestou contra a participação do país no festival.
A final da Eurovisão está marcada para maio, em Kiev. Salvador Sobral foi o cantor escolhido para representar Portugal no festival.
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