
A informação, adiantada pelo jornal espanhol El País que teve acesso ao documento enviado pela UER, foi hoje confirmada à agência de notícias Efe pela televisão pública, embora não tenham facultado mais informação sobre o conteúdo da missiva, nem a posição que será adotada.
A carta, dirigida à chefe da delegação espanhola, Ana María Bordas, recorda à RTVE que as regras da Eurovisão “proíbem as declarações políticas que podem comprometer a neutralidade do concurso”.
“O número de vítimas não tem lugar num programa de entretenimento apolítico, cujo lema 'Unidos pela música' encarna o nosso compromisso com a unidade”, continua o texto que tem origem na transmissão da segunda semifinal, pela La2 da RTVE, na passada quinta-feira.
No prólogo da atuação do candidato israelita, Yuval Raphael, os comentadores Tony Aguilar e Julia Varela recordaram que a RTVE pediu formalmente à organização do festival para que se abra um debate sobre a continuidade do país, no meio da ofensiva israelita na Palestina.
Além disso, citaram as “mais de 50 mil” mortes de palestinianos – já são mais de 53 mil – que a atual ofensiva causou desde o início, em outubro de 2023, incluindo mais de 15 mil crianças, de acordo com as Nações Unidas.
Por sua vez, este facto, provocou uma queixa formal à UER, por parte da emissora pública israelita, KAN, segundo informações publicadas pelo Ynet.
No ano passado, o porta-voz da Sumar e ministro espenhol da Cultura, Ernest Urtasun, solicitou a comparência da direção da RTVE no congresso para garantir que não se repetiria a “participação da estação pública de televisão espanhola no branqueamento do genocídio”, em referência às ações de Israel.
A presença de Israel no concurso este ano foi contestada por artistas que já participaram no concurso e pela televisão pública espanhola.
Mais de 70 músicos, entre os quais Salvador Sobral, António Calvário, Fernando Tordo, Lena D’Água e Paulo de Carvalho, apelaram à União Europeia de Radiodifusão (UER), para que excluísse a participação de Israel.
Numa carta aberta, os subscritores justificam o apelo com o facto de considerarem a televisão israelita KAN “cúmplice do genocídio contra os palestinianos em Gaza”.
A carta, publicada conjuntamente pela organização não-governamental Artists For Palestine e pelo movimento Boycott, Divestment, Sanctions (Boicote, Desinvestimento e Sanções, em português, BDS), é assinada por cantores, compositores, músicos, bailarinos e membros de coro de vários países.
A televisão pública espanhola, RTVE, pediu a “abertura de um debate” sobre a participação da KAN no festival da Eurovisão, numa carta dirigida à UER.
O pedido da RTVE surgiu depois de terem sido lançadas petições na Finlândia, no final de março, pedindo à televisão pública finlandesa Yle que pressionasse a UER para excluir Israel da edição de 2025, por causa da guerra em Gaza.
A final de hoje pode ser acompanhada em Portugal em direto, a partir das 20h00, na RTP1, na RTP Internacional e na plataforma RTP Play.
As autoridades de Gaza elevaram hoje para quase 53.300 o número de mortos resultante da ofensiva militar israelita contra o enclave, desde o seu início, após os ataques levados a cabo a 7 de outubro de 2023 pelo Hamas e outros grupos palestinianos, que causaram cerca de 1.200 mortos e perto de 250 raptados, segundo o balanço oficial fornecido pelas autoridades israelitas.
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