“Sara” é a primeira série televisiva do realizador de “São Jorge”, a partir de uma ideia original de Bruno Nogueira, escrita com Ricardo Adolfo, e que conta com Beatriz Batarda, também estreante na televisão portuguesa, no papel principal.
No total são oito episódios desta série de ficção, cujos primeiros dois serão apresentados no IndieLisboa, no dia 03 de maio. A estreia em televisão está prevista para dia 07 de outubro, na RTP2.
A história acompanha a transformação de Sara Moreno (Beatriz Batarda), uma atriz de cinema e de teatro, conhecida pela densidade dos seus papéis dramáticos e pela facilidade em chorar nas personagens que interpreta, que de um momento para o outro deixa de conseguir chorar e vê-se forçada a aceitar o papel principal numa telenovela do ‘prime-time’.
Nos primeiros dois episódios é dado a conhecer o universo de Sara, uma mulher que vive sozinha com um pai doente, de quem cuida, sem vida amorosa nem grandes amizades, aparentemente triste e cansada, que deixou de conseguir chorar, tanto nos filmes como na vida real, mas também não consegue rir, procurando desesperadamente um papel em que possa ser feliz e dar gargalhadas.
Num momento em que adormece sozinha no sofá a ver televisão, depois de ter dado o jantar ao pai e de o ter deitado, a última frase que se ouve vinda do pequeno ecrã é “tenho uma coisa a confessar: sempre quis ter família”.
O universo real de Sara é denso e dramático como são os das personagens que interpreta.
Quando deixa de chorar e rompe com esses papéis, Sara abandona o filme em que estava a participar e vê-se forçada a entrar numa telenovela, e em todo esse processo é claro o distanciamento e uma certa sobranceria dos profissionais de cinema em relação aos da televisão.
A certa altura o seu agente usa como argumento para a convencer a entrar na telenovela, que se trata de uma “novela super-cinematográfica”.
Por outro lado, o panorama televisivo é apresentado como patético e fácil, com a atriz a ridicularizar as falas do guião, o produtor da telenovela – fascinado com a possibilidade de ter a participação daquela atriz – a dizer que a realidade é que ninguém vai ao cinema, e com uma jovem atriz de telenovelas, que enriqueceu graças à televisão, a admitir que nunca estou representação e que não se considera atriz.
No momento em que se conhecem, a jovem, em profunda admiração por Sara, apresenta-se como “mais ou menos atriz”. Sara pergunta-lhe o que ela faz exatamente, ao que a jovem responde que faz telenovelas e apresenta programas de televisão. “Então é menos”, reponde-lhe Sara.
A partir deste momento, Sara começa a dar aulas de teatro e representação à rapariga e, ao mesmo tempo, começa a aprender com esta como funciona o mundo rápido e fácil da fama televisiva, em que estrelas de televisão são pagas por marcas apenas para aparecerem em discotecas ou fotografarem-se para as redes sociais.
Simultaneamente, numa tentativa de se compreender e ajudar, Sara pede ajuda a um motivador pessoal, uma espécie de ‘life coach’ de emoções, em busca por algo diferente que a faça sentir-se mais próxima do grande público, uma clara sátira aos “gurus” de autoajuda, que publicam livros e colecionam seguidores.
Com o passar do tempo, Sara começa a experimentar os mundos das novelas, do Facebook, do Instagram, das sessões fotográficas com a família em casa para revistas cor-de-rosa e começa a frequentar com regularidade o motivador pessoal, interpretado por Bruno Nogueira.
Ao longo dos episódios, vai ser possível acompanhar os desenvolvimentos na nova vida de Sara, a tentativa de adaptação a um estilo de vida de fama rápida e de promiscuidade, as suas frustrações, dúvidas e o drama de uma atriz de cinema, cansada de pensar demais e de chorar, adianta a produtora.
A primeira série de Marco Martins reúne alguns dos seus colaboradores habituais, e além de Bruno Nogueira e Beatriz Batarda - que entrou nas três longas-metragens do realizador (“São Jorge”, “Como desenhar um círculo perfeito” e “Alice”) –, contam-se as participações de Nuno Lopes, Albano Jerónimo, José Raposo, Miguel Guilherme e Rita Blanco.
A série conta ainda com a participação e as músicas de B Fachada e com excertos da autoria do escritor Valter Hugo Mãe.
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