"Esta série faz-nos pensar no mundo em que vivemos, nas ameaças existenciais que enfrentamos", afirmou o ator, durante uma mesa-redonda sobre a segunda temporada da série, que se estreia esta segunda-feira, às 22h15, na FOX.
"As verdadeiras ameaças à humanidade são a crise existencial das alterações climáticas e as armas nucleares. Podemos aniquilar a vida no planeta só com isso", disse Gabriel Byrne, que interpreta o cientista Bill Ward na série criada por Howard Overman.
Baseada no livro de H. G. Wells com o mesmo título, originalmente publicado em 1898, a ação apocalíptica de "Guerra dos Mundos" decorre na Europa após uma invasão alienígena que quase destrói a humanidade.
"A genialidade do livro é que é intemporal. Sempre houve e sempre haverá ameaças à nossa sobrevivência", considerou Gabriel Byrne, que ficou conhecido do público como Dean Keaton no filme "Os Suspeitos do Costume" e como o Diabo em "Os Dias do Fim".
"A ficção permite-nos resolver os medos e desejos sobre a nossa existência", opinou. "O que H.G. Wells fez de forma brilhante foi concentrar esse medo numa história e permitir-nos imaginar algo para lá da realidade em que vivemos diariamente".
Trailer de "Guerra dos Mundos" (T2):
Considerando que se trata de uma história muito provocadora que nunca ficará desatualizada, Byrne indicou que a segunda temporada da série irá explorar mais a fundo o caráter das personagens.
"Todas as personagens se tornam mais profundamente emocionais, porque a crise se espalha e mais pessoas são afetadas por ela", explicou. "É isso que faz com que a audiência se identifique emocionalmente com algo: pomo-nos no lugar do herói".
O ator disse que interpretar o cientista Bill Ward tem sido um desafio, porque não é o mesmo que interpretar um gangster ou um vilão.
"É muito difícil tornar um cientista excitante", disse. "Como é que tornamos interessantes coisas que não são, essencialmente, lá muito interessantes?"
Byrne traçou ainda um paralelo entre as ruas desertas no cenário da invasão alienígena e a situação de pandemia que o mundo vive desde março de 2020, com sucessivas ondas de confinamento.
"Houve muitas mudanças desde a pandemia e uma das que ainda não foram examinadas é como vemos agora a ciência e a fé", afirmou. "Rezar não vai acabar com a crise, a ciência é que vai encontrar a resposta. O que vai isso significar para a forma como vemos uma batalha que tem acontecido desde o Iluminismo, entre a fé e a ciência?", questionou.
"O interessante para mim é como vamos mudar social, intelectual e emocionalmente por causa disto, ou se vamos mudar de todo", acrescentou.
Gabriel Byrne frisou também o impacto que a ficção e as narrativas têm na audiência, e a importância de se estar atento às mensagens subliminares.
"Se algo funciona de uma forma convincente, faz um certo trabalho no inconsciente", disse. "Com o melhor trabalho de ficção, somos subtilmente transformados no inconsciente. Porque começamos a pensar e quando isso acontece é como um dominó e leva-nos a algo mais, a uma perspetiva alterada".
No entanto, isto acarreta riscos, avisou. "Temos de estar alerta, como espectadores, para peneirar a propaganda escondida. O que é que isto está realmente a querer dizer?"
Questionando até que ponto se é "vítimas de propaganda subtil e censura", Byrne afirmou que "reagir perante forças manipuladoras é uma grande questão para o momento atual".
A segunda temporada de "Guerra dos Mundos" tem no elenco Gabriel Byrne, Léa Drucker, Natasha Little, Stephen Campbell Moore e Daisy Edgar-Jones.
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