"Haverá aqui um projeto inédito de ter um conjunto de artistas a trabalhar a partir do arquivo da RTP, que é um arquivo que se confunde com a nossa memória enquanto país. Acho que é uma das partes mais interessantes, mais entusiasmantes deste projeto", sublinhou.
Nuno Faria explica que o projeto surge no âmbito de um protocolo que já existia entre o Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas e a estação pública, e que levará artistas a trabalhar "a partir de um dos grandes arquivos sonoros e visuais do século XX de Portugal".
Os curadores Nuno Faria e Nicolau Tudela, diretor de arte da RTP, selecionaram assim 13 artistas portugueses e estrangeiros cujas obras e pesquisas incorporam som, "como material ou como estrutura conceptual".
Os artistas são Francisco Janes, Jonathan Uliel Saldanha, Laetitia Morais, Manon Harrois, Mariana Caló, Francisco Queimadela, Miguel Leal, Mike Cooter, Pedro Tropa, Pedro Tudela, Ricardo Jacinto, Sara Bichão e Tomás Cunha Ferreira.
"Todos os artistas virão residir e trabalhar no arquipélago, na ilha. É um projeto de criação, é também um projeto de investigação em dois campos, primeiro no território, no lugar, aqui em São Miguel, na Ribeira Grande e talvez noutras ilhas mas também de investigação a partir do arquivo visual e sonoro da RTP", disse.
O projeto "Geometria Sónica" arranca com a exposição "Índice" que estará patente a partir deste sábado no Arquipélago-Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande.
"A exposição 'Índice', como o próprio nome indica, é uma exposição que apresenta os artistas que estarão a trabalhar aqui no Arquipélago, e que fazem parte deste projeto. Haverá trabalhos destes 13 artistas nesta exposição e que fazem uma primeira apresentação do arquivo da RTP com um conjunto de filmes, de comentários, imagens soltas e inéditas, em alguns casos, desse arquivo que os curadores escolheram", explicou Nuno Faria.
O curador falava sobre a exposição que é inaugurada este sábado pelas 18:30 locais (mais uma em Lisboa) e que é o ponto de partida para o projeto "Geometria Sónica", que vai decorrer durante um ano no espaço cultural no concelho da Ribeira Grande, ilha de São Miguel.
Nuno Faria explica ainda que este projeto "complexo" e que "cruza vários universos artísticos" contempla residências artísticas na ilha de São Miguel já a partir deste mês.
Depois da exposição "Índice" seguem-se ainda "três ciclos expositivos", no Arquipélago, a arrancar nos próximos meses de agosto, outubro e janeiro, ciclos resultantes da "produção de novos trabalhos" feitos pelos artistas residentes.
"Serão produzidos trabalhos novos para as exposições que virão a seguir e teremos um programa paralelo cuja programação que será feita entre os curadores do projeto e os programadores do festival Tremor, e que vai abranger artes performativas, música e um conjunto de pessoas que vão fazer conferências que são dos Açores e que vêm de outros lugares", sublinhou.
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