"House of the Dragon" é a primeira série derivada de "A Guerra dos Tronos" a chegar aos ecrãs. A primeira temporada da prequela estreia-se a 22 de agosto na HBO Max e promete reaproximar os fãs da saga criada por George R.R. Martin que se tornou num fenómeno global que cativou o público, embora o seu final tenha sido muito questionado.
Baseada em "Fogo e Sangue", do escritor norte-americano, a série, que se passa 200 anos antes dos acontecimentos de "A Guerra dos Tronos", conta a história da Casa Targaryen. Segundo o showrunner Miguel Sapochnik, a história resume-se de forma simples: "Duas mulheres e dois homens. Há o rei (Viserys), o seu irmão (Daemon), a filha do rei (Rhaenyra) e sua melhor amiga (Alicent). Então, a melhor amiga torna-se na esposa do rei e, portanto, rainha. Isso por si só é complicado – quando o teu melhor amigo se casa com teu pai. Mas das coisas mais pequenas, evolui lentamente para uma batalha gigantesca entre os dois lados".
Nos primeiros episódios, Milly Alcock vai vestir a pele da princesa Rhaenyra Targaryen e Emily Carey será Alicent Hightower. A meio da temporada, há um salto de 10 anos e os papéis são assumidos por Olivia Cooke e Emma D'Arcy, respetivamente.
O início da aventura nos Sete Reinos
Em conversa com o SAPO Mag, Milly Alcock e Emily Carey começam por recordar como se juntaram ao elenco da série que conta com Paddy Considine, Matt Smith, Steve Toussaint, Eve Best, Sonoya Mizuno, Fabien Frankel ou Rhys Ifans.
"A minha preparação para o casting… na minha primeira self-tape não sabia qual era o projeto. As personagens eram Alicent e Rebecca", começa por contar Emily Carey em conversa com o SAPO Mag. "Senti que estavam à procura de algo muito específico. Envias a self-tape e vais para um abismo sem feedback. Meses depois, tive uma reunião presencial com a equipa de casting e conheci o Miguel Sapochnik e o Ryan J. Condal pessoalmente. Eles disseram-me que estava na lista das três últimas atrizes para o papel. Foi assustador. Sabia que as outras duas raparigas tinham uns 20 anos e eu só tinha 17 anos”, recorda.
"Achava que não tinha hipóteses. Mas tudo bem. Seria bom dizer que fiz um casting para a série”, graceja a jovem atriz. "Depois da audição final, fui para casa, vesti o pijama, fiz massa e recebi o telefonema. Foi uma loucura. (...) Comecei imediatamente a preparar-me porque nunca tinha visto ‘A Guerra dos Tronos'", lembra.
Já Milly Alcock recorda que estava na Austrália, em casa de um amigo, e suspeitou que o casting poderia ser para algo "relacionado com ‘A Guerra dos Tronos’". "Uma semana depois de mandar a self-tape recebi o telefonema. Foi tudo muito rápido e mudei-me para o outro lado do mundo e fui viver para Londres", conta.
Desde o início, as atrizes sentiram alguma pressão por se juntarem ao universo dos Sete Reinos. "É impossível ignorar a pressão, quer seja a pressão que exercemos em nós próprios ou a pressão que sentimos de todo o mundo. Mas acho que a equipa da série tem tido muito cuidado para não sentirmos essa pressão e deixou-nos fazer o nosso trabalho. Mas é inevitável que, a dada altura, o sintamos a pressão, especialmente porque a série está quase a estrear", confessa Emily Carey.
Alicent e Rhaenyra: o fim de uma amizade
"Vai ser de partir o coração", começam por sublinhar as atrizes ao resumir a relação entre as suas personagens. No arranque da temporada, as jovens são melhores amigas, mas tudo muda quando a Alicent se casa com o rei, o pai de Rhaenyra.
"Quando conhecemos a Alicent, ela é uma jovem rapariga muito emotiva, ansiosa, seguidora das regras e obediente. Ela também é bastante religiosa, o que é uma parte fundamental da sua personalidade - é um dos aspetos que se mantêm entre a versão mais antiga e mais nova", começa por destacar Emily Carey. "Ela está ciente do seu lugar no mundo e não se importa com isso. Está bem onde está e está bem com as pessoas que a rodeiam", acrescenta.
"Ela é um produto do patriarcado. Ela conhece muito bem o ‘jogo dos tronos’ e entra em jogo mais à frente na história. Está bastante satisfeita, mas as pessoas começam a tomar decisões por ela e torna-se mais consciente. Ao longo da história, a personagem progride de forma muito rápida, à medida que a sua vida é praticamente virada de pernas para o ar”, resume a atriz.
Milly Alcock, que veste a pele da jovem princesa Rhaenyra Targaryen, destaca que, ao longo da primeira temporada, vamos ver a sua personagem "transformar-se". "Vamos perceber que ela faz tudo para se proteger e que tem de se proteger porque não há ninguém para o fazer", conta.
"Ela está constantemente em desacordo com o mundo à sua volta porque não lhe é dada a liberdade de falhar e nem lhe é concedido um tipo de privilégio porque ela tem de ser o que todos esperam dela”, adianta a atriz. “Está constantemente a tentar provar que é melhor ou tão boa quanto um homem”, sublinha.
Ao longo da primeira temporada de “House of the Dragon”, a relação entre Rhaenyra Targaryen e Alicent Hightower promete estar no centro da história e dar que falar.
"Conhecemos estas duas jovens mulheres e elas adoram-se mesmo. Mas, infelizmente, vamos ver a rutura desta relação por causa da sociedade patriarcal", frisa Milly Alcock. "Dentro deste mundo, duas mulheres não podem ser consideradas incríveis… uma tem de ser melhor e são constantemente comparadas”, acrescenta.
"É trágico. O fim da relação delas é trágico. Acho que foi por isso que os criadores quiseram mostrar a versão mais jovem das personagens, para mostrar a proximidade entre elas”, explica
"Não há muita proximidade e vulnerabilidade emocional na série. Só porque não é de todo comum nesse mundo. E esse bocado de inocência, de vulnerabilidade, vem desta relação. E vê-la desmoronar-se vai ser desolador", adianta a atriz.
Com o salto temporal de 10 anos, os papéis são assumidos por Olivia Cooke e Emma D'Arcy. "Não conversamos com elas sobre as personagens”, conta Milly Alcock. “Dez anos é muito tempo, se pensarmos bem. Eu nem sequer vivo há dois lotes de dez anos”, graceja Emily Carey.
“Acontece tanta coisa em dez anos e as pessoas mudam. Além disso, elas estão a crescer. Vamos vê-las como crianças, na adolescência e como mulheres adultas em posições de poder. Claro que vão mudar como pessoas e, por isso, quase que fomos aconselhadas a não falar [com Olivia Cooke e Emma D'Arcy] porque são quase como personagens diferentes. Seria muito estranho se houvesse este enorme salto no tempo e não se sentisse nada a mudar”, defende a atriz.
"House of the Dragon" estreia-se a 22 de agosto na HBO Max. Os episódios da primeira temporada estreiam-se semanalmente, às segundas-feiras, no serviço de streaming.
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