“Check In” é um disco que “representa bastante” Valas, nomeadamente “os últimos anos” de carreira, desde que assinou com uma editora discográfica, a Universal, contou em declarações à Lusa.
No novo álbum, o ‘rapper’ de Évora, cidade alentejana onde nasceu, cresceu e ainda hoje vive, está presente “uma mudança, o recomeçar, o tentar abdicar das coisas que são prejudiciais, tentar dar a volta às coisas más e tentar ter motivação para continuar a evoluir”.
Logo no primeiro tema “El Dorado”, com a participação de ProjJam, Valas canta que “para chegar aqui foi complicado”, referindo-se às dificuldades que passou até conseguir viver da música.
O rapper recordou que no seu percurso “houve fases bastante complicadas”, já que vem de uma zona do país “que peca por falta de oportunidades no que toca às artes em geral”.
“Não há muita coisa, não há muita montra para nos promovermos, não há muitos apoios, não há muita gente que faça o mesmo que nós. Quando digo que foi complicado é porque tivemos que ir à procura, muitas vezes fora da nossa zona de conforto, para conseguirmos educar-nos, evoluir e aprender cada vez mais”, referiu.
No rap de Valas há um pouco do Alentejo, que não consegue abandonar. “A nossa música reflete a nossa vida e a nossa vida não é igual a uma pessoa que cresceu em Lisboa, no Porto, em Faro”, disse.
O primeiro single do novo álbum, “As Coisas”, foi divulgado em outubro de 2016, tendo o vídeo ultrapassado mais de quatro milhões de visualizações no Youtube. E já antes disso já Valas “tinha o nome do disco, o nome que iria dar a esse coletivo de singles e músicas” que começou a fazer nessa altura.
“Lancei esse single que teve muito sucesso e me proporcionou ter muitas datas marcadas e isso fez com que tivesse um ano [2017] muito ativo, em que não me pude dedicar ao estúdio e a terminar o álbum, então fui lançando singles para ir alimentando a minha base de fãs, para continuar a promover e a ter a minha música a sair”, contou.
Só no final do ano passado, depois de em abril ter divulgado outros dois temas, “Alma Velha”, com Slow J e Lhast, e “Acordar Assim”, teve tempo “para arrancar”.
Apesar de três dos temas já terem mais de um ano, o disco é um só, já que as onze músicas que o compõem “passam pelo mesmo tipo de experiência”.
Valas revelou que algumas músicas, “que não estavam compatíveis com a visão que tinha para o disco”, ficaram de fora, mas provavelmente irá divulgá-las “mais tarde”.
Na lista de produtores estão nomes como Lhast, Agir, Diogo Piçarra, Dj Ride e Fumaxa. Com o primeiro já tinha trabalhado anteriormente em estúdio, com todos os outros foi a primeira vez.
“Juntei aqueles que achei que fazia sentido. Todos são produtores com muito talento, com provas dadas no hip-hop nacional”, afirmou.
Quanto aos convidados, além de Slow J e ProfJam em "Check In" participa também a fadista Raquel Tavares, no tema “Estradas no Céu”, num registo um pouco diferente do habitual.
“A Raquel entra num tema que estava a fazer com o Diogo Piçarra e o Suaveyouknow, no qual achávamos que fazia todo o sentido ter uma voz feminina. Não quisemos bater no cliché de fazer uma música de rap com fado, tentámos fazer uma música bonita, que agradasse a todos. Ela cantou como quis, soltou-se, e o resultado final agradou-nos bastante”, disse.
Valas apresenta “Check In” ao vivo na sexta-feira no Plano B, no Porto, e no sábado no Musicbox, em Lisboa, e promete “convidados e surpresas” nos dois concertos.
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