
Em Lisboa, a efeméride é assinalada com a inauguração da Sala Estúdio Valentim de Barros, nos Jardins do Bombarda, no recinto do antigo Hospital Miguel Bombarda, numa iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II, em parceria com a Largo Residências e a Unidade Local de Saúde São José.
Esta sala estúdio é batizada com o nome do bailarino Valentim de Barros, que morreu em 1986, aos 69 anos, depois de ter passado quase quarenta anos internado no hospital psiquiátrico Miguel Bombarda, por causa da homossexualidade assumida, que também impediu ter sido reconhecido como artista.
"A inauguração deste espaço cultural aberto à cidade de Lisboa é uma forma de eternizar o legado Valentim", afirma o Largo Residências que, nos dias seguintes à inauguração, tem preparada uma programação especial, nomeadamente com a estreia do espetáculo “Auto das Anfitriãs”, de Inês Vaz e Pedro Baptista, a partir de Luís de Camões.
Ainda em Lisboa, o Teatro da Trindade proporciona visitas aos bastidores, bilhetes gratuitos para o musical "Sonho de uma noite de verão" e a leitura interpretada de “Ode Marítima”, de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, por Diogo Infante, acompanhado ao vivo pelo músico João Gil.
A companhia de teatro Formiga Atómica, de Inês Barahona e Miguel Fragata, está a preparar um novo espetáculo, "Só mais uma gaivota", para setembro deste ano, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
No processo de criação, a companhia propõe, para o Dia Mundial do Teatro, uma leitura encenada de "Uma Gaivota Comme Il Faut", com o texto original de Anton Tchékhov, e uma "palestra dinâmica", com encenadores, atores, figurinistas que já trabalharam esta obra em palco.
Para o Dia Mundial do Teatro, A Barraca retoma "Amor é um fogo que arde sem se ver…", de Maria do Céu Guerra e Hélder Mateus da Costa, com Camões por guia, e os Artistas Unidos, ainda sem espaço próprio, propõem teatro radiofónico com "Uma solidão demasiado ruidosa", a partir do romance de Bohumil Hrabal, às 19h00, na Antena 2, no espaço "Teatro Sem Fios".
No distrito de Setúbal, a Companhia de Teatro de Almada abrirá os festejos do Dia Mundial do Teatro com a apresentação do livro "Ler muito, ver espectáculos, viver mais", que resume uma formação que o escritor e argumentista Rui Cardoso Martins deu no Festival de Almada.
À noite, no Teatro Municipal Joaquim Benite, a peça "Uma barragem contra o Pacífico", de Marguerite Duras, com encenação de Álvaro Correia, tem entrada gratuita.
O Teatro Animação de Setúbal está a celebrar 50 anos de atividade e estreia, no dia 27, no Fórum Luísa Todi, a peça "Simplesmente Abril", com texto do escritor Rui Zink e encenação de Carlos Curto.
Esta será a 150.ª produção do Teatro Animação de Setúbal e insere-se no programa de teatro da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril.
A norte, Fernando Gomes escreveu, encenou e também faz parte do elenco de "Chaimite, um possível musical", que estará em cena de 27 de março a 12 de abril no Teatro Municipal Sá de Miranda, em Viana do Castelo.
O espetáculo é apresentado como "uma opereta cómica sobre a história de Maria da Luz e Francisco", dois jovens separados pela Guerra Colonial e cuja história de amor só terá um desfecho 60 anos depois, segundo a sinopse divulgada.
No Porto, o Teatro Nacional São João assinala a efeméride com várias iniciativas, convidando o público para visitas guiadas e para um ensaio aberto da próxima produção, "Hamlet", com encenação de Nuno Cardoso, que se estreia em abril.
No Teatro Carlos Aberto, também no Porto, o ator e encenador Marcelo Lafontana conduz os espectadores pelas aventuras de "Peregrinação", de Fernão Mendes Pinto, com recurso a formas animadas.
Na Maia (Porto), no dia 27, termina quase uma semana de sessões da Mostra de Teatro de Amadores, com oito espetáculos produzidos e encenados por seis associações e grupos culturais do concelho.
O coletivo portuense Visões Úteis apresentará no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, "A ilha dos escravos", de Pierre de Marivaux, com encenação de Joana Ferrajão, numa recriação da peça que o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) conseguiu apresentar em 1969, "numa das maiores fintas do teatro académico ao regime político de então", a ditadura do Estado Novo.
Em nota de imprensa, o Visões Úteis explica que a reconstituição da peça foi possível graças à descoberta, no arquivo do TEUC, "do guião do ponto, do técnico de iluminação e da versão final do texto apresentado na data de estreia, bem como de cartas e outro tipo de documentos".
A sul, em Faro, no Teatro das Figuras, sobe à cena a peça "Classified", numa criação de José Nunes, e em Loulé, no cineteatro local, o coletivo SillySeason apresenta a peça "Antígona".
Fora de Portugal, na quinta-feira, o encenador Tiago Rodrigues fará a terceira de cinco sessões, já esgotadas, do espetáculo "By Heart", no Théâtre Silvia Monfort, em Paris.
Em "By Heart", dez pessoas que nunca viram este espetáculo são convidadas por Tiago Rodrigues a aprender um poema. "Enquanto as ensina, Tiago Rodrigues vai desfiando histórias sobre a sua avó quase-cega, misturadas com histórias sobre escritores e personagens de livros que, de algum modo, estão ligados à sua avó e a ele próprio", refere a sinopse.
Iniciado em 1961 pelo Instituto Internacional de Teatro da UNESCO, o Dia Mundial do Teatro é comemorado anualmente no dia 27 de março, tendo a primeira mensagem sido escrita por Jean Cocteau, em 1962.
A cada ano, uma figura de relevo internacional do panorama teatral é convidada a compartilhar uma reflexão partindo do mote “Uma Cultura de Paz”, que é depois traduzida para mais de 50 idiomas e lida para dezenas de milhares de espectadores antes de apresentações em teatros de todo o mundo, assim como publicada em centenas de jornais e mais de 100 estações de rádio e televisão.
A mensagem deste ano foi escrita pelo encenador grego Theodoros Terzopoulos, que questiona o futuro das artes do espetáculo perante os desafios atuais e reflete sobre a forma como o teatro pode ser um espaço de resistência contra a alienação digital e a manipulação política.
“Poderá o teatro ouvir o pedido de SOS que os nossos tempos estão a enviar, num mundo de cidadãos empobrecidos, fechados em células de realidade virtual, entrincheirados na sua privacidade sufocante?”; “Poderá o teatro tornar-se parte ativa do ecossistema?”; “Podem os holofotes do teatro lançar luz sobre o trauma social, e parar de se iluminar a si mesmo de forma enganadora?”, questiona Theodoros Terzopoulos.
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