Em entrevista à agência Lusa, Nuno Júdice disse, no âmbito do FFLL, que está muito grato, ao ter sido agraciado com o prémio Guerra Junqueiro, numa altura em que o poeta transmontano estava a ser ignorado por "uma certa elite do período, pós-25 de Abril".
"Na minha juventude fiquei muito marcado pela leitura dos livros de Guerra Junqueiro que havia em casa dos meus pais. Junqueiro foi um poeta que me marcou bastante pela forma como fala do mundo, da sociedade ou da religião. O ter agora um prémio com o nome de Guerra Junqueiro, é ir ao encontro dessa minha admiração pela sua obra", vincou Nuno Júdice.
O poeta, ensaísta, ficcionista e professor universitário, autor de "A matéria do poema", afirma que é muito importante ir ao encontro de escritores que estão ligados a cidades, vilas ou regiões, que por vezes estão muito esquecidas e afastadas dos grandes centros. É muito importante que sejam valorizados nos seus locais de origem.
"Julgo que é talvez a melhor forma, hoje, de valorizar esses espaços, sobretudo quando estamos a falar de um grande escritor como Guerra Junqueiro", enfatizou.
O Freixo Festival Internacional de Literatura (FFIL) vai decorrer de hoje a domingo, em Freixo de Espada à Cinta, sobe o mote "As Pontes Ibéricas e Lusófonas".
O poeta Nuno Júdice soma perto de quase quatro dezenas de livros de poesia, como, entre outros, "Geometria variável", "As coisas mais simples", "O Breve Sentimento do Eterno", "Guia de Conceitos Básicos", "Fórmulas de uma luz inexplicável", "Navegação de Acaso" e "O Fruto da Gramática". Em 2017 publicou "O Mito da Europa".
Em obras de ficção, conta com perto de uma dezena e meia de títulos, de "Última Palavra: 'Sim'" e "Plâncton", publicados na viragem dos anos de 1970 para a década de 1980, aos mais recentes "A Ideia do Amor e Outros contos", "A Implosão", marcado pela crise económica e financeira dos últimos anos, e "A Conspiração Cellamare", editado em 2016.
"Desde que vivemos em democracia, os escritores portugueses são presença habitual em certames literários de importância internacional, em países como França ou Alemanha e, depois, a coroar estes êxitos, a atribuição do Prémio Nobel da literatura a José Saramago", observou.
O escritor tem a convicção de que hoje a literatura portuguesa é das mais conhecidas no mundo, onde há um número significativo de romancistas e poetas traduzidos em praticamente em todas as línguas.
Nuno Júdice nasceu na Mexilhoeira Grande, no Algarve, é professor tendo-se doutorado na Universidade Nova de Lisboa, em 1989.
O poeta português tem somado distinções, do Prémio de Poesia Pablo Neruda, por "O Mecanismo Romântico da Fragmentação", ao Prémio Pen Club, por "Lira de Líquen".
Recebeu o prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, por "Meditação sobre Ruínas". Foi igualmente distinguido com o Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus, por "As Regras da Perspectiva", com o Prémio Bordalo da Casa da Imprensa, por "Todos os Séculos", o Prémio Literário António Gedeão, da Federação Nacional dos Professores, por "A Convergência dos Ventos", e com o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários, por "Rimas e Contas".
O Prémio Ibero-americano Rainha Sofia de Espanha foi-lhe atribuído, em 2013, em reconhecimento pela sua carreira, assim como os prémios Fundação Inês de Castro - Tributo de Consagração, Argana da Maison de la Poésie, de Marrocos (2014), Poetas del Mundo Latino Victor Sandoval (2014) e Juan Crisostomo Doria a las Humanidades, da Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo (2017), ambos do México.
No ano passado Nuno Júdice venceu igualmente o Prémio Internacional Camaiore 2017 de Itália.
Está traduzido em Espanha, Itália, Reino Unido e França, entre outros países.
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