O álbum, com o selo da Grand Piano Records, reúne a interpretação a solo de duas obras para piano criadas com 50 anos de intervalo: "Viagens na minha terra", composta por Fernando Lopes-Graça entre 1953 e 1954, e "Lume de chão", de Amílcar Vasques-Dias, feita entre 2003 e 2004.
Em nota de imprensa, Joana Gama explica que as duas composições serviram de base para o trabalho de investigação do doutoramento, concluído em 2017, sobre música portuguesa contemporânea para piano, em particular a que é "evocativa de elementos culturais portugueses".
A par do doutoramento, a pianista portuguesa também criou um recital com as duas composições e que apresentou em várias cidades, entre 2013 e 2018, em Portugal, França e Holanda.
Apesar de separadas por meio século e por um contexto político distinto em que foram criadas, as duas composições interpretadas por Joana Gama "promovem uma contrastante, mas complementar visão da cultura portuguesa".
"Viagens na minha terra", de Lopes-Graça, tem como subtítulo "Dezanove peças para piano sobre melodias tradicionais portuguesas", com referência às viagens etnográficas feitas pelo país com Michel Giacometti.
No caso de "Lume de chão - Tecido de memórias e afetos", de Amílcar Vasques-Dias, a influência remete para memórias do autor repartidas entre o Alto Minho, onde nasceu em 1945, e o Alentejo, onde vive na atualidade.
Em complemento à edição do álbum, as partituras das duas composições serão editadas em parceria com o Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa e estão previstas várias apresentações, entre os dias 10 e 13 em Braga, Lisboa, Monte Estoril e Évora, com Teresa Cascudo e Amílcar Vasques-Dias.
Nascida em Braga em 1983, Joana Gama foi por três vezes distinguida com o Prémio Jovens Músicos/Antena 2 entre 2004 e 2008. Tem colaborado com artistas das áreas do teatro, da dança e cinema, nomeadamente Tânia Carvalho, Victor Hugo Pontes, João Botelho, Miguel Seabra Lopes e Karen Akerman.
A par do percurso a solo, Joana Gama tem ainda um duo de piano e eletrónica partilhado com Luís Fernandes, com quem editou os álbuns "Quest" e “at the still point of the turning world”.
Um dos trabalhos de maior visibilidade da pianista tem sido a celebração do repertório do compositor francês Erik Satie, com recitais, palestras em escolas, uma performance ininterrupta de 15 horas da peça "Vexations" e um álbum com Luís Fernandes e Ricardo Jacinto.
Atualmente prepara um novo trabalho com o coletivo feminino Sopa de Pedra.
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