A apresentação de "Os Maias. Episódios da Vida Romântica", pela catedrática de Literatura Paula Morão, está agendada para quarta-feira, às 17:30, na Biblioteca da Imprensa Nacional, em Lisboa.
O romance foi publicado pela primeira vez em 1888, há 130 anos, depois de "dificuldades várias e incidentes" e podia-se até ter perdido devido à "desorganização e desleixo de uma tipografia lisboeta", escreve Carlos Reis, no prefácio à nova edição, investigador para quem esta é a obra maior de Eça de Queirós (1845-1900).
O catedrático da Universidade de Coimbra afirma mesmo que "Os Maias" são "o ponto mais alto" não apenas da criação literária de Eça de Queirós, "mas também da ficção portuguesa em todos os séculos".
"'Os Maias' exigiram demorada e trabalhosa escrita", afirma Reis, recordando que durante os cerca de dez anos que o autor levou a escrever o romance, foram publicados outros títulos de Eça, como "A Relíquia" (1887) e "A Correspondência de Fradique Mendes" (1888).
A obra que não teve o sucesso comercial, quando da sua publicação, idêntico ao de outros romances de Eça, e não voltou a ser editada em vida do escritor. A edição crítica não levantou assim problemas que edições críticas de outros títulos de Eça, no âmbito deste projeto das Obras Completas, como "O Crime do Padre Amaro" ou "O Mistério da Estrada de Sintra" e até "A Correspondência de Fradique Mendes", afirma Carlos Reis no prefácio.
Ao facto de "Os Maias" não terem tido o sucesso comercial de outros títulos do autor, não são alheias as "azedas reações provocadas por certas personagens, que alegadamente caricaturavam, com a agudeza do traço estilístico queirosiano, figuras respeitáveis da vida pública portuguesa", contemporâneas da obra, assinala Carlos Reis.
Esta edição crítica inclui uma nota prévia, uma introdução histórico-literária dividida em seis partes, num total de 42 páginas, além do texto fixado e anotado dos 18 capítulos em que se desenvolve o romance, de mais de 600 páginas, e ainda um apêndice documental e notas bibliográficas.
Numa carta ao seu amigo, o escritor Ramalho Ortigão, Eça de Queirós falou de "Os Maias" como "um romance em que pusesse tudo o que [tinha] no saco". Para Carlos Reis esta expressão de Eça "diz bem acerca da dimensão e da complexidade" da obra.
Nela "está concentrado muito daquilo que Eça tinha para dizer aos seus contemporâneos e à posteridade", remata Carlos Reis.
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