Em entrevista à agência Lusa, sobre o CD, Janeiro disse: “É um pouco a forma como eu sou e a forma como olho para a vida, e isso está ligado com o facto de ser um jovem contemporâneo, urbano, pós-modernista. A globalização fez com que, de repente, surgissem pessoas assim”.
“Estou sempre muito inquieto e numa busca constante, e acho que o disco é isso, é essa busca, a procura pelo meu som e por algo que me identifique, no meio desta confusão”, disse Janeiro, que estudou Musicologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Os estudos de Ciências Musicais, referiu o músico, permitiram-lhe “conhecer outros ritmos fora do ‘mainstream’”, do qual quer fazer parte, "sendo à parte desta lógica", e daí a vertente “assumidamente pop” das canções.
“Quero estar dentro desse ‘mainstream’, porque quero chegar às pessoas e, por isso, considero este CD um trabalho pop. São canções com três, quatro minutos com intenção de transmitir emoções às pessoas, fazê-las sentir algo e identificarem-se com as letras, e essa premissa está lá, assumidamente, sem qualquer pudor”, disse o músico à Lusa.
O CD é constituído por doze canções “esculpidas e cuidadosamente escolhidas”, entre as quais aquela “sem título”, com que concorreu ao Festival da Canção da RTP, que o fez sentir “um peso muito maior de responsabilidade, mas não mudou em nada” o que gizou para o álbum.
“O disco até ganhou com a minha entrada no Festival, que foi uma experiência 'superpositiva'”, disse Janeiro, que se afirmou “mesmo feliz”, pelo convite feito por Salvador Sobral, que lhe permitiu apresentar-se no certame.
Os dois músicos conhecem-se desde crianças, e já gravaram juntos, nomeadamente o tema “Tereza e Tomás”, que faz parte do alinhamento do EP que Janeiro editou em 2015.
O trabalho de construção do CD "frag-men-tos", uma coprodução sua com Kid, “foi lento, mas muito orgânico e natural, tendo levado cerca dois anos”.
O músico disse à Lusa que foi necessário “ganhar distanciamento das canções que gravou” e, nesse sentido, gravou algumas que, depois de ouvidas, passado duas semanas, foram retiradas do alinhamento ou revistas, “de modo a tornarem-se mais claras”, contou.
Sobre as canções do CD o músico afirmou: “A história é a ausência de história, e é a confusão de referências que eu sou, eu tenho uma data de influências que vão desde a bossa nova ao tecno, à eletrónica, uso muita coisa diferente, e seria falsificar alguma coisa se escolhesse só um género; o CD é desfragmentado a nível de género, mas à procura do meu cunho”.
Cada letra é um estádio emocional diferente e noutras há uma interrogação sobre a sociedade em que vivemos, disse o músico que afirmou que este álbum reflete o momento que está a viver, a música que está a fazer e aquilo que quer transmitir.
O CD, exclusivamente com letras e músicas de autoria de Janiero, abre com "Torna Coisas Para Viver", e inclui "Teu Ar Ruim", "Canção para Ti", "Casal Banal", "Desassossegado", "Contas no Estrangeiro" e fecha com "Manhã".
No dia 23 de junho, o músico atua em Praga, no X Festival “Lusófona”, subindo ao palco em trio com João Hasselberg, no baixo elétrico, e Pedro Costa na bateria. Antecipando esta atuação, toca a solo no dia 16, na FNAC Chiado, em Lisboa.
Esta primeira digressão do músico passa essencialmente pela rede de lojas FNAC.
No dia 29 de junho, às 18:30, vai estar na de Santa Catarina, no Porto, e, às 22:00, na do Mar Shopping, em Leça da Palmeira. No dia 30, às 17:00, atua na FNAC do Braga Parque, em Braga, e, às 22:00, na de Guimarães, seguindo para a Senhora da Hora, nos arredores de Matosinhos, onde se apresenta no dia 01 de julho, na FNAC local.
Em julho, o músico atua com a sua banda, no dia 22, no Festival Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia, e, no dia 01 de setembro, no Festival F, em Faro, entre outros concertos “a definir datas”.
Quanto ao álbum, o músico salientou uma das frases que cita no 'booklet' - “Haverá algo mais importante que a verdade?” -, é ele próprio “a pregar a autenticidade, no sentido em que cada um tem o seu estilo, cada um tem as suas ideias e os seus valores, mas tem é de fazer o seu discurso tal como pensa”.
Henrique Janeiro, de seu nome de registo, nasceu há 23 anos, em Coimbra, tendo-se apresentado ao público pela primeira vez em 2015, com a edição de um EP.
“O mais importante de tudo é a verdade de a pessoa ser genuína com os outros e consigo própria, para chegar a um estádio - ou pelo menos tentativa - de felicidade, e eu, com este disco, tento passar esta mensagem”, rematou.
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