“A ideia é desafiar as pessoas a circularem pelos vários espaços da fundação e ouvirem falar artistas e pessoas da Cultura sobre aquilo que as inspira”, explicou à Lusa o comissário da iniciativa, o escritor e argumentista Nuno Artur Silva.
Ao longo da tarde, irão decorrer várias conversas em salas temáticas. Em cada sala – "Sala das Conversas Sobre o que de Melhor o Século XXI nos Deu Até Agora", "Sala das Inspirações", "Sala dos Poemas e da Poesia", "Sala da Música", "Sala das Imagens e das Imagens em Movimento" e "Sala do Riso e dos Sorrisos ou Mesmo da Gargalhada Geral" - haverá três painéis, exceção para a "Sala das Ideias e da Filosofia", “com um único painel, onde se discute precisamente o que é isto do gosto, uma conversa mais filosófica”.
Na "Sala da Música", por exemplo, o editor discográfico David Ferreira “vai escolher ‘dez canções escolhidas a dedo’ - entre o cancioneiro pop ele escolhe dez canções e vai mostrá-las e falar sobre elas e explicar a escolha”; o músico e escritor Kalaf “vai escolher as melhores músicas para dançar”, e o músico Filipe Melo, “ao piano, vai recriar as melhores bandas sonoras de filmes de sempre”.
Além disso, no Grande Auditório, às 22:30, haverá “um concerto feito especialmente para esta ocasião, em que o [pianista] Mário Laginha e a [cantora] Mayra Andrade escolhem ‘dez canções que nos salvam a vida’, acompanhados pelo [guitarrista] Mário Delgado, o [contrabaixista] Bernardo Moreira e o [baterista] Alexandre Frazão".
No mesmo local, mas às 21:00, haverá "Uma Conversa sobre o que nos salva ou outrossim o que levaríamos para uma ilha deserta (sabendo que esta poderá ser sempre um quarto ancorado no meio da cidade)", moderada por Anabela Mota Ribeiro, na qual participam o arquiteto Eduardo Souto de Moura, a cantora Aldina Duarte e a artista plástica Fernanda Fragateiro.
Nesse dia, “O Gosto dos Outros” estará também nas casas de banho da Fundação Calouste Gulbenkian, onde serão afixadas listas como "Os 10 Melhores Contos para Ler na Casa de Banho", da autoria do escritor Rui Cardoso Martins.
“O ponto de partida é sempre esta ideia de jogar com as listas, as dez. Também temos no bar os ‘dez melhores petiscos’, os ‘dez melhores vinhos’”, referiu Nuno Artur Silva.
A iniciativa também inclui uma "Feira de Inutilidades Artísticas para a Salvação da Vida de Cada Um". “É esta ideia de que a Arte não serve para nada, é inútil, a não ser para nos salvar a vida. Daí jogar provocatoriamente com esse conceito das inutilidades que nos salvam. A ideia é que a partir das listas das pessoas que participam na iniciativa, o público tenha ali uma feira onde possam comprar essas coisas”, explicou.
Lembrando que atualmente se vive “num tempo em que se está muito condicionado pelo algoritmo, o gosto é muito condicionado por ‘se gostou disto, pode gostar daquilo’”, uma das perguntas que se faz é “‘que espaço é que há para fintar o algoritmo?’”.
“Num mundo em que tudo começa a ser sugerido por Inteligência Artificial e por algoritmos, que espaço é que há para termos contacto com coisas que outras pessoas nos poderão sugerir?”, questionou Nuno Artur Silva.
Com esta iniciativa, pretende-se também “retomar a ideia de poder contactar com coisas que não se conhece, mas que podem vir a inspirar muito as pessoas, que é o melhor que as obras de arte podem dar”.
“Se uma pessoa está habituada a ouvir música pop, porque não ir até à sala da poesia, ou vice-versa?”, sugeriu.
A entrada é livre, mas limitada à lotação das salas. Por isso, é necessário levantar-se previamente ingressos na bilheteira da Fundação Calouste Gulbenkian.
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