Antecipando-se à época festiva, o Teatro Nacional D. Maria II revelou a sua programação para o período entre janeiro e julho de 2019, uma temporada que conta com nomes como Aldina Duarte, Bruno Nogueira, Isabel Abreu, Ivana Müller, Martim Pedroso, Miguel Loureiro e Tiago Guedes.
“Um outro fim para a Menina Júlia” é a nova criação de Tiago Rodrigues, diretor artístico do Teatro D. Maria II, na qual imagina um futuro diferente para as três personagens do texto “Menina Júlia”, de August Strindberg, que vai estar na Sala Estúdio, de 01 a 24 de março, em estreia.
Trata-se de uma nova abordagem ao repertório, neste caso, “pegando na peça de Strindberg, mas escrevendo a continuação da peça, ou seja, o revisitar das mesmas personagens, mas já mais velhas”, explicou Tiago Rodrigues à Lusa.
Segundo o responsável, esta peça é também o encontro de diferentes gerações: um primeiro elenco de jovens atores, estagiários e, na segunda metade da peça, três atores do elenco residente da Teatro Nacional.
“Curiosamente, o texto clássico é feito pelos mais jovens, o trio de atores com vinte e poucos anos, e o texto novo, de 2019, que estou a começar a escrever, é feito pelos atores mais antigos do Teatro Nacional”, acrescentou.
Outra das apostas do teatro para este período é “A matança ritual de Gorge Mastromas”, uma encenação de Tiago Guedes, que marca o regresso de Bruno Nogueira ao D. Maria II.
A partir de um texto de Dennis Kelly sobre a ascensão ao poder e os dilemas morais dessa caminhada, a peça vai poder ser vista de 25 de maio a 28 de junho.
Tiago Rodrigues destaca que este texto, que irá ser publicado, tem a “particularidade de ter como protagonista, pela primeira vez na sala Garrett, Bruno Nogueira, a aceitar um desafio do trabalho de ator”.
Nesta temporada apresentam-se em reposição as peças “Sopro”, de 11 a 19 de janeiro, e “By Heart”, a 09 de fevereiro, ambas de Tiago Rodrigues, na Sala Garrett.
Estes dois espetáculos estiveram em cena até 17 de novembro em São Petersburgo e vão ser apresentados em Paris, no Théâtre de la Bastille, no Théâtre de Chelles e no Espace 1789 de Saint-Ouen, até ao dia 08 de dezembro, estando todas as sessões já esgotadas, segundo o teatro.
No mês de julho, Aldina Duarte e Isabel Abreu sobem ao palco da Sala Garrett com “Malfadadas”, um espetáculo legendado em inglês e francês, que une teatro e fado, sob as impressões e palavras de quatro figuras femininas da mitologia literária: Eurídice, Medeia, Mary Tyrone e Blanche DuBois.
Este é um dos espetáculos que o diretor artístico do teatro mais destaca, feito “à volta de grandes figuras femininas da tradição teatral”.
“Mistura a palavra cantada e a palavra falada, mas é um espetáculo que explora a condição feminina, e acontece numa altura do ano em que há muito pouca oferta de teatro, já na segunda metade de julho. [É] um espetáculo que terá legendas em inglês e francês, por isso muito acessível a muitos dos visitantes estrangeiros da cidade de Lisboa”, sublinhou Tiago Rodrigues.
Segundo o diretor, o objetivo é dar a ver uma faceta reconhecível da cultura portuguesa, que é a do fado, mas transformada, revisitada e dando a conhecer a tradição cultual portuguesa e universal destas “grandes personagens femininas do património universal do teatro, mas com um olhar de hoje”.
Antes disto, a abrir o ano de 2019, vai estar em cena, até 06 de janeiro, “Alice no país das maravilhas”, adaptação a partir do conto de Lewis Carroll, numa encenação conjunta de Maria João Luís e Ricardo Neves-Neves, na Sala Garrett, e “Olá eu sou o Pai Natal”, de Tiago Barbosa, que se estreia a 27 de dezembro, na Sala Estúdio.
Entre 11 e 13 de janeiro, na mesma sala, apresenta-se "E todas as crianças são loucas", uma adaptação de João Cachola de "Coração das trevas", romance de Joseph Conrad, e de "Apocalypse now", filme de Francis Ford Coppola, inspirado na obra de Conrad, no âmbito do ciclo recém-nascidos.
No mesmo ciclo ainda, contam-se “Uma Frida”, de Sofia Santos Silva, e “Teoria das três idades”, de Sara Barros Leitão, até 27 de janeiro.
De regresso ao Teatro D. Maria II está também “Montanha-russa”, uma proposta de Inês Barahona e Miguel Fragata, com música ao vivo dos Clã, para apresentações na Sala Garrett, entre 23 e 27 de janeiro.
“Amores pós-coloniais”, uma criação de André Amálio e Tereza Havlickova, em cena de 07 a 24 de fevereiro, e “Frei Luís de Sousa”, de Miguel Loureiro, a partir do texto de Almeida Garrett, espetáculo apresentado entre 01 de março e 07 de abril, são outras das estreias previstas para a temporada.
"Sequências narrativas completas", de João de Sousa Cardoso, a partir de textos de Álvaro Lapa, é mais um espetáculo em estreia, coproduzido pelo D. Maria II, que se apresentará de 28 a 31 de março.
Para o público mais jovem, João de Brito encena, em maio, “Insuflável”, uma metáfora sobre o crescimento.
Na mesma altura, apresentam-se também as duas novas criações do Boca Aberta – projeto de teatro para crianças dos 03 aos 06 anos: “Mau mau, lobo mau!” e “Falas estranhês?”, encenadas por Catarina Requeijo.
O palco é também pisado por jovens aspirantes a atores, com as apresentações dos projetos finais do PANOS – Palcos Novos Palavras Novas e do K Cena.
A 27 de março, Dia Mundial do Teatro, inaugura-se uma exposição sobre a fotografia de José Marques, "incontornável fotógrafo" da cena teatral portuguesa do século XX, segundo a programação.
O D. Maria II recebe ainda as criações “Parlamento Elefante” (de Eduardo Molina, João Pedro Leal e Marco Mendonça), “Conversations out of place” (de Ivana Müller), “The Scarlet letter” (de Angélica Liddell, a partir do livro de Nathaniel Hawthorne), “Doreen” (de David Geselson) e “História ilustrada do teatro português” (de Martim Pedroso e João Telmo).
A Bienal BoCA, o FIMFALx19 e o Festival de Almada voltam a fazer parte da programação, que inclui também, pela primeira vez, o Festival Antena 2.
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