
Os produtores do musical de sucesso "Hamilton" cancelaram as apresentações planeadas no Kennedy Center, em Washington, na quarta-feira, alegando que Donald Trump restringiu a "neutralidade" política daquele prestigiado centro cultural desde que regressou à Casa Branca.
O espetáculo, criado pelo norte-americano de origem porto-riquenha Lin-Manuel Miranda e que explora a vida de Alexander Hamilton, um dos fundadores dos EUA, iria ser ali apresentado entre março e abril de 2026 para comemorar os 250 anos da Declaração da Independência.
Mas os responsáveis pelo musical consideram que já não podem atuar naquele palco, uma vez que este foi intervencionado por Trump pouco depois de assumir a presidência, em 20 de janeiro, alegando que se tinha tornado uma instituição demasiado liberal.
Em comunicado na rede social X (antigo Twitter), o produtor Jeffrey Seller destacou que o majestoso complexo de mármore branco com vista para o rio Potomac, na capital americana, foi fundado como um lugar onde pessoas de todas as convicções políticas poderiam reunir-se para desfrutar das artes.
“No entanto, nas últimas semanas, infelizmente vimos décadas de neutralidade do Kennedy Center destruídas”, escreveu.
“O recente expurgo por parte do governo Trump tanto do pessoal profissional como de eventos de artes cénicas no Kennedy Center ou originalmente produzido por ele vai contra tudo o que este tesouro cultural nacional representa”, acrescentou.
Este cancelamento é o mais recente de uma série de baixas artísticas desde o regresso à Casa Branca de Trump, que inicialmente se nomeou presidente do centro e expulsou os democratas do conselho de administração.
Ele nomeou então vários dos seus colaboradores mais leais para o conselho de administração e selecionou Richard Grenell, o seu embaixador na Alemanha durante o seu primeiro mandato (2017-2021), como presidente.
Entre os artistas que suspenderam os planos de atuar no Kennedy Center destacam-se a cantora Rhiannon Giddens e a atriz Issa Rae.
“Esta última ação de Trump significa que este não é o Kennedy Center como o conhecíamos”, disse Lin-Manuel Miranda numa entrevista com Seller ao jornal The New York Times na quarta-feira.
“O Kennedy Center não foi criado com este espírito e não faremos parte dele enquanto for o Kennedy Center de Trump”, sublinhou.
Numa declaração no X, Grenell chamou ao cancelamento de um “golpe publicitário que sairá pela culatra”.
“As artes são para todos, não apenas para as pessoas de quem Lin gosta e com quem concorda”, escreveu o novo presidente do centro.
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