“Vamos continuar nesta fórmula das temáticas, este ano são três" - “Música no Tempo”, “Ibéria” e “Música no Feminino” - "e cada vez misturando mais os diferentes tipos de música, seja a de câmara, a música orquestral, a solo, música antiga, sejam as 'músicas do mundo'", disse à agência Lusa o diretor do Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian, Risto Nieminen.
A ópera, através de transmissão da Metropolitan, de Nova Iorque, é outra aposta que a Gulbenkian mantém, como destaca Nieminen. Mas também o ciclo de piano, "muito popular" entre o público, e que, na próxima temporada, vai reunir nomes como os de Kirill Gerstein, em outubro, Arcadi Volodos e Angela Hewitt, em novembro, Igor Levit, em janeiro do próximo ano, Alexei Volodin com Ton Koopman, em março.
O piano contará ainda com outros "veteranos" das temporadas Gulbenkian de música, como Martha Argerich, que atuou na atual, e que se apresenta em maio de 2018, com Stephen Kovacevich. Grigory Sokolov também tocará em maio.
O pianista polaco Piotr Anderszewski fará uma residência artística atuando em palco três vezes. O brasileiro Nelson Freire vai tocar com a Orquestra Filarmónica de Minas Gerais, que Risto Nieminen apontou como “a mais prestigiada formação brasileira”.
O regente Jordi Savall, o violinista Pinchas Zukerman, a soprano Ana Quintans, o contratenor Carlos Mena, o cravista Pierre Hantaï e o Cuarteto Quiroga são outros nomes da temporada.
Risto Nieminen afirmou-se “muito interessado” no desenvolvimento das temáticas, por permitir diferentes abordagens e perspetivas musicais.
A primeira, “Música no Tempo”, propõe revisitar o passado musical, e demonstra como “a música se mantém viva, como a música antiga pode ser interpretada de uma maneira diferente, à luz de hoje em dia".
"Há muitas obras do passado que ainda nos falam, e o melhor exemplo é Johann Sebastian Bach, o génio de todos os tempos”, disse.
Esta temática, que incluirá música que vai do Renascimento ao contemporâneo Pierre Boulez (1925-2016), conta com concertos de músicos do Jerusalem Chamber Music Festival Ensemble, tendo Risto Nieminen destacado a atuação do violinista Michael Barenboim, e de Jordi Savall, à frente do seu ensemble Hespèrion XXI.
“Ibéria”, outra das temáticas, reúne "uma grande variedade musical", baseada sobretudo "no período de ouro de produção musical na Península Ibérica, o século XVII”, e conta com a parceria da Fundação Juan March, de Espanha.
Os concertos serão apresentados em Lisboa e também em Madrid.
O cartaz "Ibéria" apresentará “compositores pouco ouvidos ou até desconhecidos”, e conta com intérpretes como Ana Quintans, Carlos Mena, Hantaï e o Cuarteto Quiroga, entre outros.
Quanto à “Música no Feminino”, Nieminen reconheceu que está na ordem no dia, mas ressalvou que se fala da mulher em várias áreas em que está a tomar protagonismo. "Mesmo assim - disse -, há a consciência de que a mulher não tem ainda o reconhecimento que lhe é devido e, na área da música, ainda mais. Até se compararmos com a literatura”.
“Por exemplo, na década de 1980, praticamente não havia maestrinas, e hoje já começam a aparecer", referiu.
“Esta temática não é apenas pela questão do feminino na música, mas porque traz abordagens diferentes”, afirmou Nieminen, realçando a participação da maliana Rokia Traoré, que atua em janeiro próximo, com "uma mensagem não só musical, como social". "É muito forte e vai, certamente, apresentar algo muito interessante”.
O cartaz da “Música no Feminino” inclui as irmãs iranianas Mahsa e Marjan Vahdat, a fadista Aldina Duarte, que atua com Carlão, músico de hip hop, a maestrina neozelandesa Tianyi Lu, que vai dirigir a Orquestra Gulbenkian, sendo solista a violinista alemã Carolin Widmann, e ainda a pianista Joana Gama, que vai apresentar um projeto com Luís Fernandes, em música eletrónica, e com 14 músicos da Orquestra Metropolitana de Lisboa.
Joana Gama dará também um recital de peças do compositor Federico Mompou (1893-1987).
Quanto à "Música no Feminino", Risto Nieminen garantiu à Lusa esta “será uma área à qual se voltará”.
A programação da próxima temporada tem previsto o regresso ao palco da Gulbenkian do maestro venezuelano Gustavo Dudamel, desta feita à frente da Mahler Chamber Orchestra, que vai abrir a temporada, no próximo dia 07 de setembro, e a atuação do contratenor argentino Franco Fagioli, com a orquestra Il Pomo d’Oro. O barítono Christian Gerhaher, os violinistas Isabelle Faust, Frank Peter Zimmermann, Pinchas Zukerman e Sergei Krylov são outros intérpretes para o cartaz da Gulbenkian.
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