“Fica o desafio de, em conjunto com o Ministério da Cultura, e certamente do Ministério da Educação, podermos trabalhar no projeto de recriar para o século XXI a biblioteca móvel, para ir de aldeia em aldeia e de escola em escola”, disse Graça Fonseca na conferência anual do Plano Nacional de Leitura 2027 (PNL), na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
A ministra da Cultura falava na abertura da conferência, que tem como um dos eixos de reflexão a adaptação dos hábitos de leitura às novas formas de linguagem da era digital.
“Os hábitos de leitura, a forma como lemos é profundamente diferente da forma como há 20/30 anos atrás líamos. Como é que nós – governo e autarquias - adaptamos e podemos oferecer instrumentos, ferramentas e equipamentos diferentes, para que consigamos dar a resposta adequada aos novos modos de leitura?”, perguntou a ministra.
Na curta intervenção, e sublinhando a intenção de promover sinergias entre organismos e instituições, Graça Fonseca deixou aquela proposta à Fundação Calouste Gulbenkian, de renovação das bibliotecas móveis para ambientes digitais.
Segundo a Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB), existem atualmente mais de 60 bibliotecas móveis no país, agregadas a serviços municipais, que disponibilizam de forma gratuita o acesso a livros e publicações às populações que não podem deslocar-se a uma biblioteca.
Algumas dessas bibliotecas móveis já disponibilizam também acesso à Internet, empréstimo de CD e DVD e facilitam, em alguns casos, pagamentos eletrónicos, digitalizações e “até cuidados de saúde”, como refere a DGLAB.
No entanto, foi há 60 anos, em 1958, que a Fundação Calouste Gulbenkian impulsionou o sistema de biblioteca itinerantes, numa altura em que não havia ainda a atual rede de bibliotecas públicas municipais e as taxas de analfabetismo eram elevadas e o acesso a estes equipamentos escasso.
A conferência anual do PNL 2027 decorre ao longo do dia de hoje na Fundação Calouste Gulbenkian subordinada ao tema “Presente-Futuro: A atualidade da leitura”.
Em entrevista esta semana à agência Lusa, a comissária do PNL, Teresa Calçada, afirmou que, hoje em dia, os jovens, desde que aprendem até que consolidam a leitura, fazem-no em ambientes muito diferenciados, “e todos eles podem ser convocados para melhorar as competências, os índices e o gosto”.
“O PNL tem tentado isso ao longo de uma década e agora propõe-se fazê-lo noutra, com tudo aquilo que isso quer dizer, de lutar contra o sinal dos tempos”, afirmou dando como exemplo a frase “viver num tempo rápido ou viver num tempo lento”.
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