As três exposições, que hoje foram apresentadas aos jornalistas no museu, com a presença do diretor, Pedro Gadanho e alguns artistas, encerram a programação de exposições do MAAT, de 2018, prolongando-se para os primeiros meses de 2019.
"Linguistic Ground Zero" é o novo projeto do artista português João Louro, com curadoria do espanhol David G. Torres, que apresenta uma instalação em que relaciona a linguagem, a sociedade, o conflito e a iminente destruição da humanidade através do objeto simbólico da bomba atómica lançada durante a 2.ª Guerra Mundial.
"Little Boy", primeira bomba atómica da História que destruiu a cidade japonesa de Hiroxima, é reproduzida no Project Room em tamanho real, mas coberta de citações reunidas pelo artista, referentes à arte, literatura, política, filosofia e à música.
"Como artista interessam-me os momentos de rutura. Agora estamos a viver um momento mórbido, antes do momento dramático. Estamos a viver um tempo de expectativa de algum acontecimento", comentou o artista, durante a visita.
Recordou as vanguardas na História da arte como momentos criativos que anteciparam tanto a primeira como a segunda guerras mundiais, nomeadamente o dadaísmo e o movimento da vanguarda russa.
Na instalação, que também remete para o poder da palavra, o artista estabelece uma ligação entre a destruição física provocada pela bomba atómica e a destruição simbólica que as vanguardas artísticas materializaram.
"Os artistas sempre tiveram uma palavra a dizer no momento da antecipação", salientou, acrescentando que a destruição física também representa um novo começo.
Em "Cenário na Sombra", com curadoria de Pedro Gadanho e Rita Marques, os artistas norte-americanos Jonah Freeman e Justin Lowe apresentam uma instalação ambiental imersiva que joga com os conceitos de urbanismo hipertrópico, comunidade, ritual e psicofarmacologia.
Apresentada inicialmente na Bienal de Istambul 2017, onde Pedro Gadanho a viu, esta é a segunda vez que o trabalho é apresentado na Europa, e tem, na sua origem, uma ideia avançada pelo futurista Hermann Kahn, no seu livro "The Year 2000", publicado em 1967.
O público irá entrar num cenário multiespacial, distribuído por várias pequenas salas, numa arquitetura própria e cinematográfica baseada nas subculturas juvenis de San San Metroplex, uma megacidade imaginária localizada ao longo da costa da Califórnia, nos Estados Unidos.
"É um universo de ficção científica para dar a sensação de estarmos num universo paralelo", indicaram Jonah Freeman e Justin Lowe, que estavam presentes na visita, acrescentando que os ambientes criados "representam a expressão da forma de vida e interesses de diferentes grupos”, de subculturas.
Ao entrar, os visitantes são transportados para universos totalmente distintos, desde um cenário vitoriano, de uma cultura intelectual, um cenário em que o interesse é visivelmente tecnológico, outro centrado em fetiches, ou outro ligado ao tráfico de plantas psicotrópicas.
Os artistas apresentam ainda vídeos que ilustram as ideias do projeto que Pedro Gadanho considerou "o ideal para inaugurar uma nova série de exposições que exploram a ideia de vídeo expandido, obras que suplantam a mera projeção tradicional, e se articulam com outros objetos em formato de instalação".
"Haus Wittgenstein - Arte, Arquitetura & Filosofia", por seu turno, com curadoria de Nuno Crespo, é uma exposição que se baseia no projeto da casa ("haus") do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein, iniciado em 1926 e concluído em 1928, e cuja história convoca uma série de conflitos e relações que inspiraram inúmeros arquitetos, artistas e escritores.
Partindo desta história, a exposição foi concebida com obras criadas especialmente para a mostra, de artistas como Vasco Frutuoso, Luis Lázaro Matos, José Luís Quitério, Ângela Ferreira, Gil Heitor Cortesão, Ana de Almeida e Ricardo Carvalho, que propõem um diálogo crítico com aquele objeto arquitetónico histórico.
A estas, juntaram-se outras peças de autores que também foram tocados pelo "efeito Wittgenstein", e pelo seu fascínio pela linguagem, pelo sentido e pelo mundo.
Ao todo, nesta exposição, estão cerca de três dezenas de artistas, portugueses e estrangeiros, entre os quais também se encontram Ricardo Carvalho, Nuno Cera, Bruce Nauman, Gonçalo Pena, Julião Sarmento, Gil Heitor Cortesão, Robert Barry, Pedro Cabrita Reis, Paulo Mendes e Pedro Machado Costa, Leonor Antunes e Lawrence Weiner.
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