José Luís Peixoto esteve pela primeira vez nesta feira em 2008, foi autor convidado em 2017 e regressa este ano por causa da programação cultural que a feira do livro mexicana dedicada a Portugal, país convidado.
Em entrevista à agência Lusa em Guadalajara, José Luís Peixoto recorda a mudança que sentiu nesta década, na relação com os leitores latino-americanos e na presença da sua obra neste território.
“Houve bastantes mudanças. Sobretudo no acesso dos leitores aos livros. Comecei a ter algumas edições próprias no México e publiquei alguns livros em algumas editoras que acabam por cobrir a América Latina. Com a facilidade de comunicação, a informação foi circulando e hoje já encontro alguns leitores que já têm uma certa experiência da leitura dos meus livros”, disse.
José Luís Peixoto, que fez a estreia literária há 18 anos com o livro de pendor biográfico “Morreste-me”, fala em generosidade dos leitores mexicanos. Conta que, em Guadalajara, numa sessão de autógrafos, um leitor lhe disse que aprendeu português para o poder ler.
“Se a língua portuguesa chega dessa forma a alguém através dos meus livros, só me posso sentir grato”, disse.
O escritor de “Galveias” e “Cemitério de pianos” passa grandes temporadas em viagens, participando em feiras do livro, encontros com estudantes, lançamentos de livros, sessões de autógrafos.
“Sempre desejei que essa fosse parte da comunicação dos meus livros. Os livros dispensam esse outro lado, mas sou um ser humano, e preciso dele e gosto dele, e faz-me muito bem olhar nos olhos dessas pessoas que leem os livros, motiva-me e dá sentido para esse outro trabalho, solitário, que é escrevê-los”, reconheceu.
Japão, Índia, Brasil, Colômbia são algumas das paragens onde o escritor esteve este ano. Disciplinado, escreve em quartos de hotel e o próximo romance, a sair em 2019, é fruto desse método de trabalho.
“Considero bastante propício à escrita. Em viagem e nessa falta de relação com aquele espaço, consegue-se olhar para dentro e ter a atenção dedicada àquele mundo”, argumentou.
Sobre a participação de Portugal na Feira do Livro de Guadalajara, com um programa especial de tradução em espanhol, pensado para os países latino-americanos, com a presença de cerca de 40 escritores no evento e uma programação cultural alargada a outras artes, José Luís Peixoto deixa elogios.
“Tenho confiança de que este esforço irá ser recompensado de formas que nós neste momento nem conseguimos completamente conceber, até porque o trabalho da literatura é lento, e muitas vezes subjetivo, difícil de identificar”, disse.
A 32.ª Feira Internacional do Livro de Guadalajara termina no domingo.
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