“É [um disco] bastante biográfico, que anda à volta de pensamentos meus, e trazer algumas histórias que têm a ver comigo, e que tentei expor em canções simples, para que as pessoas as possam também cantar comigo", disse o músico em entrevista à agência Lusa.
O álbum, que é editado no dia 04 de maio, é constituído por 12 canções, entre as quais “Umbadá”, à qual se referiu como o seu “segundo batismo”, num alinhamento em que o fado, género musical em que o músico mais tem trabalhado, está ausente, o que foi “de certo modo intencional”.
“No país do fado, na terra do fado, o fado não tem futuro, neste momento. Nós podemos fazer um disco muitíssimo bonito, bem cantado, com letras fantásticas, mas as rádios não estão muito predispostas a passar esse tipo de fado, mas que vai resistir e que voltará novamente o seu tempo”, afirmou o músico, com mais de 40 anos de carreira, autor de temas como “Os Búzios” e “Boa Noite Solidão”, entre outros.
O músico reconheceu a sua “quota parte de culpa” no que se passa no panorama do fado, com a introdução de outros instrumentos, como a bateria. Lembrou os dois álbuns que editou com a Brigada Victor Jara, em 1996, com Quiné, na percussão, e André Sousa Machado, na bateria. Mas realçou que os ritmos que criou então, “eram ritmos portugueses”.
Referindo-se ao novo álbum, o músico disse que “tem ritmos que são atuais, usados em tudo”, reconhecendo uma certa “estandartização, pois de contrário não se é ouvido, pois quem ouve está já ‘viciado’ neste som”.
O álbum, com produção e arranjos musicais de Jorge Fernando e José António Pedro, conta com as participações de António Zambujo, no tema “Sr. Doutor”, Agir, em “Lobisomen”, Dini D’Santiago, em vários temas, como o de abertura, “Bola P’rá Frente”, e Jorge Nunes, entre outros, em “Menino Triste”.
O convite a novos criadores “é um certo testemunho”, isto é, explicou: “Sinto-me, às vezes, como uma ponte, com todos os ensinamentos que colhi, estou numa fase intermédia, apanhei o final do período brilhante da música portuguesa, aprendi com grandes nomes – Amália, Tristão da Silva, Fernando Maurício, Tony de Matos, entre outros, sem esquecer o Fausto – e, entretanto, apanho o começo desta [nova] geração brilhante de músicos portugueses”.
Jorge Fernando assina a letra e música da maioria das canções, com exceções como “O Pobre”, que assina com Fábia Rebordão e Guilherme Banza, e “Traço”, uma coautoria com Guilherme Banza.
A comemorar 40 anos de carreira, Jorge Fernando citou Celeste Rodrigues, fadista de 95 anos, que lhe afirmou que ele continua na música “apenas por amor à música, e não para ser ‘famoso’, mas sim à procura” daquilo que o “apaixona”.
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