O ex-ministro da Cultura, que coordena o primeiro ciclo de quatro colóquios, em declarações à agência Lusa, realçou o “excelente trabalho feito pelo Grémio”, mas sublinhou também a necessidade de este “sair dos seus muros”.
Referindo-se às conferências, “com interesse político, cultural, económico e literário”, Castro Mendes afirmou que se pretende que “tragam o Grémio Literário para mais junto das pessoas e dos interesses dos cidadãos e das pessoas de cultura, de modo a manter uma presença constante na nossa vida cultural”.
Estes colóquios, explicou, “pretendem, através de datas importantes do Grémio Literário, evocar e fazer as ligações entre as revoluções que se passaram na nossa vida política e as revoluções na nossa cultura”.
Castro Mendes, autor de livros de poesia, recordou que o Grémio Literário, uma iniciativa dos escritores Almeida Garrett e Alexandre Herculano, foi constituído a 18 de abril de 1846, “dois dias antes da Patuleia", o movimento político que opôs 'cartistas' defensores da Carta Constitucional, de 1822, e os denominados 'setembristas', liberais radicais, entre os quais Passos Manuel, que, quando formou Governo, contou com Almeida Garrett.
A ideia destes colóquios é apresentar o “Grémio como um testemunho dessas várias ruturas na nossa política, na nossa sociedade e, naturalmente, na nossa cultura”, disse Castro Mendes.
O primeiro colóquio é dedicado à Revolução Liberal, que eclodiu em 1820, no Porto, e que, segundo Castro Mendes, causou “a maior mudança social que Portugal teve”.
“1846: Fundação do Grémio Literário - a Revolução Liberal e o Romantismo - Herculano e Garrett” é o título da primeira conferência, no dia 14 de março, às 18:45, com a participação do catedrático da Universidade de Coimbra, Fernando Catroga, e a catedrática da Universidade de Lisboa, Helena Carvalhão Buescu, sendo moderador o embaixador Luís Castro Mendes.
A esta conferência sobre as revoluções liberal e do romantismo, seguem-se três outras, sem data agendada, todas, também, moderadas por Castro Mendes.
A segunda será sobre “O Constitucionalismo Monárquico e a crítica da Geração de 70”, da qual fizeram parte, entre outros, Antero de Quental, Oliveira Martins, Eça de Queirós e Jaime Batalha Reis.
O terceiro colóquio será sobre a República, proclamada em 1910, e a data de 1912, quando se realizou uma exposição de artes plásticas dos Modernistas portugueses, entre os quais Almada Negreiros, nos salões do Grémio Literário.
“A propósito disso iremos evocar a revolução republicana e a revolução modernista, nomeadamente com a Geração do Orpheu, com Almada Negreiros e Fernando Pessoa”, entre outros.
O quarto colóquio será sobre o Grémio na década de 1970. Castro Mendes destacou que, “imediatamente antes do 25 de Abril de 1974, realizou-se, sob a orientação de José-Augusto França, um notável ciclo de conferências sobre o século XIX, com um pensamento crítico e o Grémio tem também uma história a contar no 25 de Abril”.
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