O festival pode também assinalar o último concerto da Jovem Orquestra Portuguesa (JOP), um projeto da Orquestra de Câmara Portuguesa (OCP), que não foi contemplada pelos financiamentos do Programa de Apoio Sustentado da Direção-Geral das Artes, na área da Música, para o quadriénio 2018-2021.
No âmbito de uma parceria entre os Dias da Música em Belém e a Associação Plataforma Global para os Estudantes Sírios, nestes dois dias do festival são disponibilizados mil bilhetes - 200 por concerto - que serão cedidos através de um donativo direto a esta associação, explicou Luísa Taveira, da administração do Centro Cultural de Belém (CCB), onde decorre o evento.
O ex-Presidente da República Jorge Sampaio, que criou a associação em 2003, realçou, na apresentação dos Dias da Música em Belém, em março passado, a importância deste apoio “a pessoas abandonadas que tinham condições de prosseguir as suas vidas, e esses eram os estudantes universitários”.
“A Síria, apesar da ditadura dramática e feroz, tinha um ensino superior muito significativo”, acrescentou Jorge Sampaio, segundo o qual, em 2013, já com a guerra em curso naquele país, 25% dos jovens, entre os 18 e os 25 anos, frequentavam o ensino universitário ou o politécnico.
O festival, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, assinala também aquele que pode ser o último concerto da JOP, “Alegres Travessuras”, constituído por “Till Eulenspiegels Iustige Streiche”, de Richard Strauss, e “Rapsódia sobre um tema de Paganini”, de Sergei Rachmaninoff, sob a direção musical do maestro Pedro Carneiro.
O concerto da JOP, em que é solista o pianista Vasco Dantas, está agendado para hoje às 21:00, no grande auditório do CCB.
“Este concerto da JOP, ao que tudo indica, será o último concerto da JOP, e o da OCP [nos Dias da Música em Belém] também parece que será o último”, disse o maestro Pedro Carneiro à agência Lusa, justificando esta suposição pelo facto de as orquestras não terem sido abrangidas pelos resultados provisórios do Programa de Apoio Sustentado às Artes (2018-2021) e não terem tido qualquer contacto do secretário de Estado da Cultura.
O maestro acusou o Governo de “um jogo de demagogia muito impressionante”, ao ter anunciado um reforço de 2,2 milhões de euros por ano, das verbas de apoio às artes, no âmbito do Programa de Apoio Sustentado, que, distribuídos pelas 43 entidades que passaram a aceder a apoios, “deve dar pouco mais de 50 mil de euros [anuais] a cada uma”.
“Estes Dias da Música, para nós, são assim uma espécie de 'ante luto' de 11 anos de atividade, que parece que vão ficar por aqui”, declarou Pedro Carneiro.
A OSJ, por seu lado, sob a direção musical do maestro Christopher Bochmann, toca hoje às 13:00 no grande auditório do CCB, peças de Wolfgang Amadeus Mozart, Antonín Dvorák, Richard Wagner, Carl Maria von Weber e de Engelbert Humperdinck.
O dia de hoje conta ainda com concertos pela Orquestra Jovem dos Conservatórios Oficiais de Música, sob a direção do maestro Fernando Marinho, com peças do português Antero Ávila e do russo Modest Mussorgski, além de atuações da Orquestra Sinfónica Ensemble e da Orquestra Sinfónica Aproarte.
O maestro Cesário Costa dirige a Sinfónica Ensemble, que vai interpretar peças de Franz Liszt, Camille Saint-Saëns e de Mussorgski, sendo solista o pianista Raul da Costa Pinto. E a Sinfónica Aproarte, dirigida pelo maestro Carlos Garcés, interpreta composições de Giuseppe Verdi e de Antonín Dvorák.
O cartaz de domingo é preenchido pel’Os Violinhos da Academia de Música de Lisboa, pelos alunos da Escola de Música N. S. do Cabo, pela Orquestra da Escola de Música do Colégio Moderno e pelos alunos da Academia Música de Santa Cecília.
Este ano, o tríptico "As Tentações de St.º Antão", de Hieronymus Bosch - da coleção do Museu Nacional de Arte Antiga, classificado como Tesouro Nacional -, é a peça inspiradora dos Dias da Música em Belém, que se realizam de 26 a 29 abril, no CCB, e que o Festival Jovem antecipa.
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