"Este é um festival de tribos que se encontra aqui [Sendim] com regularidade. E uma aldeia é sinónimo de hospitalidade. Por esse motivo, vamos transformar o recinto do festival numa aldeia zoela, e criar um ambiente mais intimista para o público", explicou à Lusa o diretor do FIS, Mário Correia.

O FIS vai na sua 19.ª edição e, ao longo dos anos, tem vindo a transformar-se, reunindo na vila do concelho de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, as sonoridades de raiz celta provenientes de vários países europeus e asiáticos, permitindo "o cruzamento de sonoridades".

"As atividades do festival serão programadas para o recinto de aldeia, deixando de haver dispersão do público. Os músicos que participaram no festival vão tocar entre si, proporcionando momentos musicais únicos, dada a fusão de cada uma das sonoridades", explicou o mentor do FIS.

Segundo o também investigador da história e cultura do Planalto Mirandês, os Zoelas foram uma tribo que ocupou o território delimitado pelo rio Sabor e a fronteira com Espanha (Castela), durante os séculos I e II (d.C.).

Quanto ao programa do FIS, inicia-se no dia 2 de agosto, na cidade de Miranda do Douro, com atuação dos vários gaiteiros do Planalto Mirandês e dos castelhanos Tundra, no largo D. João III.

Nos dias seguintes, o FIS ruma a Sendim para ser recebido num novo espaço localizado no centro da vila transmontana, no recinto da antiga escola primária, onde será instalada a "aldeia dos zoelas".

Para dia 3 de agosto, estão confirmadas as presenças dos Brigan (Itália) e dos japoneses Harmonica Creams (na foto acima).

No dia 4, os Niamh Ni Charra (Irlanda) e os Dallahan (Escócia) repartem o palco depois das arruadas dos gaiteiros mirandeses.

O cartaz deste ano "tem uma particularidade de apresentar grupos que há bem pouco eram desconhecidos do grande público e que estão com grande pujança", disse Mário Correia. "Os grupos convidados estão a fazer músicas de encontros. Ou seja, é bem possível que os irlandeses passem pelo fado ou os irlandeses darão um salto à música do Nordeste Transmontano, cruzando-a com música do sul de Itália", exemplificou.

A estadia em Sendim, durante o 19.º Intercéltico, será complementada com as habituais atividades paralelas: oficinas de danças mirandesas, conferências, apresentação de livros e discos, exposições, animação de rua, caminhadas e convívios.

O festival quer também captar novos públicos, que vão além da Península Ibérica, e hoje mostrou-se no "Porto Welcome Center" para se dar a conhecer os turistas que por ali passam, e que são oriundos do mundo inteiro.