O diretor do festival, Marco Graça, em declarações à agência Lusa, acrescentou que, perante esses objetivos, esta edição do festival aposta em "manter uma programação muito heterogénea”, que “quase vai do A ao Z da improvisação”.
A proposta para este ano é “fazer Shakespeare improvisado”, sublinhou. “No fundo, para mostrar ao público que a improvisação é um universo em si mesmo, enquanto linguagem artística”, o certame oferece espetáculos de expressões muito diversas, de “profundamente cómicos ou quase de raiz cómica, até [outros] com dramaturgia muito afastada da comédia”.
O intuito é, segundo Marco Graça, “ter uma programação com valor intrínseco, que mostra uma coisa e o oposto dessa mesma coisa, usando a mesma linguagem artística”, o improviso.
Ao longo das edições, o festival tem ainda vindo a aprofundar o relacionamento com companhias de países lusófonos, nomeadamente brasileiras, referiu Marco Graça.
“O facto de termos começado esta aventura [festival], aqui em Portugal, permitiu-nos ver uma coisa (…), que, de uma maneira mais ou menos tranquila, podíamos mostrar, na mesma noite, uma peça falada em espanhol, outra em inglês e outra em português”.
"É que, apesar de existirem festivais de teatro do improviso por toda a Europa, eles são todos feitos em língua inglesa, o que acaba por não acontecer em Portugal, já que as peças aqui são representadas em línguas diferentes”, frisou o diretor do Espontâneo, apontando este fator como “outra das mais-valias” do festival.
“O público português é muito permeável às línguas e, mesmo que não perceba a 100 por cento o que está a ser dito no palco, acaba por aderir muito bem aos espetáculos, na mesma”, acrescentou.
Contudo, e apesar de as peças serem representadas tanto em português, como em espanhol ou inglês, este ano a organização do festival optou por uma maior presença de língua portuguesa.
Com companhias de Espanha, um duo composto por uma espanhola e uma improvisadora israelita, mais uma companhia oriunda dos Estados Unidos e duas do Brasil, a programação contempla sete peças, cinco das quais a representar por cada companhia e duas em versão 'ensemble', ou seja, em conjunto por todas as companhias.
A estreia do brasileiro Márcio Ballas é, contudo, um dos pontos altos da programação do festival, disse Marco Graça, sublinhando que o ator brasileiro é “um ícone e uma referência da improvisação teatral no Brasil”.
“Todos os grandes nomes da improvisação no Brasil têm passado pela escola de Márcio Balla [Casa do Humor], desde a companhia Os Barbichas até aos atores da Porta dos Fundos”, acrescentou o diretor do Espontâneo.
Nesta edição do certame, Márcio Balla estreará em Portugal uma peça a solo, intitulada “Bagagem”, na qual falará do seu percurso pessoal.
Márcio Balla é filho de um casal de judeus do Egito que emigrou para S. Paulo, nos anos 1970, por razões políticas.
O Brasil marcará ainda presença com outra companhia proveniente de Salvador da Baía - o Teatro Improviso de Salvador - que levará a Sintra o espetáculo “À flor da pele – Uma improvisada história baiana”.
Trata-se, segundo Marco Graça, de uma variação em torno do romance “Dona Flor e seus dois maridos”, de Jorge Amado.
Yvonne Landry e Andy Cohen (EUA) com um espetáculo em que emprestam os seus primeiros nomes, o ImproMadrid, com “Jardines: entrevistas breves em jardines inesperados” e Inbal Lori & Paula Ghalimberti, com “Fun fatales”, completam a programação deste sétimo festival, cujo público, por tradição, maioritariamente se situa entre os 35 e os 40 anos.
O Espontâneo é promovido pela companhia de teatro de improviso Instantâneos, e conta com vários apoios, incluindo o da Câmara Municipal de Sintra.
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