Apresentado hoje em conferência de imprensa pelas três entidades parceiras, o FÓS sucede aos Ciclos de Órgãos Históricos de Santarém que aconteceram, em três edições, entre 2010 e 2017, com o objetivo de dar a conhecer e divulgar os seis órgãos históricos da cidade, propriedade da Diocese e da Santa Casa da Misericórdia de Santarém (SCMS), reabilitados e restaurados entre 2007 e 2015 numa parceria que envolveu também o município.
Joaquim Ganhão, responsável pelos bens culturais da Diocese de Santarém, disse à Lusa que a evolução de ciclos de concertos que se estendiam por alguns meses para um festival que concentra os eventos em dois fins de semana permitirá “fidelizar públicos”.
As três entidades promotoras realçaram o facto de Santarém ser a cidade do país “com mais órgãos históricos restaurados num raio de um quilómetro” (sete no total).
“Aqui, em Santarém, temos a felicidade de termos esta confluência de tantos instrumentos num espaço que é o centro histórico”, afirmou o pároco, sublinhando o “estímulo” proporcionado pelo restauro de órgãos que, à exceção de dois, estiveram “esquecidos e calados” durante “quase um século”.
O provedor da SCMS, Mário Rebelo, recordou que foi graças à parceria entre as três entidades que aconteceu a recuperação primeiro de seis órgãos do século XVIII, entre 2007 e 2009, nas igrejas de Jesus Cristo, Piedade, Marvila, S. Nicolau, Misericórdia e Sé Catedral, e depois, em 2015, do da igreja da Alcáçova (início do século XIX), todos da autoria de António Xavier Machado e Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes, num investimento de perto de 410 mil euros, financiado em 65% por fundos comunitários.
A vice-presidente da Câmara de Santarém, Inês Barroso, que detém o pelouro da Cultura, referiu que, nessa altura, as entidades proprietárias dos órgãos (Diocese e SCMS) assumiram o valor da comparticipação nacional, investindo agora o município cerca de 20.000 euros no festival.
Para a autarca, esta é mais uma “aposta clara” na cultura e na divulgação do património da cidade, acreditando que o FÓS assume uma dimensão nacional, podendo “trazer até Santarém aqueles que gostam desta música e desta sonoridade sacra”.
Além da existência dos sete instrumentos históricos recuperados, Inês Barroso salientou o facto de o Conservatório de Música de Santarém contar com duas dezenas de alunos que estão a aprender a tocar este instrumento.
A diretora artística do FÓS, Margarida Oliveira, afirmou que o festival se propõe apresentar o órgão sobretudo “num contexto de música de câmara, quer no papel de acompanhador, quer como o instrumento de maior relevo no seio de uma orquestra, nunca descurando a sua autoridade como instrumento solista”.
O festival, que tem o apoio do Conservatório de Música e Artes do Centro, apresenta como “pontos altos” os dois concertos de órgão e orquestra, dirigidos pelo maestro Cesário Costa, e o concerto final com o organista espanhol Jesús Gonzalez Lopez, que fará uma apresentação comentada.
O festival envolverá no total mais de uma centena de músicos, entre solistas, organistas, orquestras e coros.
O programa arranca no dia 9 às 21:00 na igreja da Misericórdia, onde decorreu hoje a apresentação do evento, com um concerto que juntará a organista e diretora do FÓS Margarida Oliveira e Bruno Nogueira (canto).
Para os dias 10 e 17 à tarde estão agendados dois “passeios musicais pelos órgãos históricos de Santarém”, com o primeiro a convidar a um percurso, com mini-concertos, pelas igrejas de Marvila, Misericórdia e S. Nicolau, e o segundo pela de Alcáçova, Catedral e Piedade (este com Jesús López).
No dia 10 à noite, na igreja de Marvila, acontecerá o primeiro dos dois concertos com a orquestra Bomtempo, sob direção de Cesário Costa, que, nos dois sábados, permitirá a audição integral dos concertos de Michel Corrette e assinalará os 350 anos do nascimento do compositor François Couperin.
A catedral de Santarém receberá no dia 11 à tarde um concerto com o organista Tiago Ferreira, acompanhado pelo Coro da Lapa, sob direção de Filipe Veríssimo, sendo que a missa dominical de dia 18 será integralmente cantada pelo Coro dos jovens cantores do Schola Cantorum da Catedral de Santarém e acompanhada ao órgão por David Paccetti Correia, com repertório do século XV ao século XXI, sob a direção de Pedro Rodrigues.
No dia 16 à noite, na igreja de S. Nicolau, será possível ouvir o organista escalabitano (atualmente a frequentar o mestrado em performance em Amesterdão, Holanda) Daniel Nunes, acompanhado por Edgar Barbosa (trompa).
O festival encerra no dia 18 à tarde na igreja de Marvila com um concerto-comentado pelo organista Jesús Gonzalo López.
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