Há cerca de um ano o músico de 66 anos lançou um blog/newsletter denominado ‘Reasons to be Cheerful’ (Razões para estar animado, na tradução em português), como reação “quase terapêutica", segundo o próprio, ao clima depressivo diário nas notícias sobre o mundo, e no qual hoje publicou um texto sobre Portugal, dando o país como exemplo de que existe alternativa ao discurso, e à prática, da austeridade como única forma de resposta à crise económica.
“Era a austeridade a única resposta possível à dívida que assolou muitas nações depois da confusão económica mundial após 2008? A resposta, se olharmos para Portugal e alguns outros locais, é não. Por outras palavras, o que nos foi dito – que a austeridade era inevitável e necessária – era mentira. Havia e há outro caminho”, escreveu David Byrne.
No artigo socorre-se de muitos textos publicados na imprensa internacional, sobretudo no The New York Times, para recordar o percurso do país desde o início da crise das dívidas soberanas, que levou a uma austeridade com forte impacte nos salários e nos serviços públicos, que levaram as pessoas “a sentir-se deixadas para trás”.
“As pessoas não se sentiram apenas deixadas para trás, foram deixadas para trás. O resultado foi uma dose razoável de indignação, com expressão política nas divisões e populismos que vemos a crescer em todo o lado”, escreveu David Byrne.
Continuando a apoiar-se na imprensa internacional, o músico fundador dos ‘Talking Heads’ refere depois o momento de inversão que representou a chegada ao Governo de António Costa com o apoio de uma maioria parlamentar de esquerda, que teve como consequência a reversão dos cortes nos rendimentos, a recuperação do investimento público, a redução do desemprego, muito assente na explosão no turismo.
Um clima otimista, que o próprio se recorda de ter vivenciado.
“Isto é tudo muito encorajador. Estive lá na minha digressão mundial e as coisas pareciam estar a explodir… uma das coisas que notámos é que as pessoas se estão a mudar para Portugal… espalhou-se o rumor de que é um bom sítio para viver. Especialmente entre brasileiros, cujo país está a atravessar uma crise. O clima é otimista, o que tem o efeito de estimular o investimento e a inovação”, escreveu Byrne.
Perante o exemplo português, o músico sugere que talvez seja tempo de “economistas e consultores financeiros em todo o mundo começarem a rever as suas políticas e recomendações – resultando em menos dor, menos sofrimento e economias mais saudáveis a nível global”.
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