Em entrevista à Lusa, ao telefone a partir de Los Angeles, John Legend lamentou que o seu país, os Estados Unidos, “não esteja a lidar corretamente” com a pandemia da COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus.
“O presidente Trump está a fazer um trabalho terrível, repetindo mentiras e falsidades e brincadeiras nas conferências de imprensa diárias, e não está a demonstrar o tipo de liderança moral de que precisamos”, defendeu John Legend, acrescentando que o chefe de Estado norte-americano “parece mais preocupado com os índices de aprovação e o mercado bolsista do que com a saúde e o bem-estar do povo norte-americano”.
O cantor está “muito preocupado” com o facto de a situação “não estar a correr bem” e Donald Trump “estar a torná-la pior”.
“Felizmente, temos um sistema federal no qual os estados têm muito poder. E os estados têm governadores que são de facto responsáveis e estão a agir corretamente. Eles são capazes de substituir a incompetência do presidente algumas vezes, mas não funciona sempre assim”, afirmou.
John Legend receia que com a situação atual as diferenças sociais fiquem mais aprofundadas no país e considera haver coisas que “a sociedade e o governo podem fazer para mitigar isso”.
“Mas estou muito preocupado que o que realmente vai acontecer vá exacerbar as desigualdades de rendimentos, que seja ainda mais difícil para os pobres e a classe trabalhadora sobreviver e prosperar no nosso país. Não estou tão familiarizado com as políticas de outros países, mas sei que é uma questão muito importante aqui e estou preocupado com isso”, partilhou.
Em novembro, haverá eleições presidenciais nos Estados Unidos, e John Legend espera que os norte-americanos “consigam ver os inconvenientes [de o país] ter um presidente tão incompetente, tão egoísta e tão mentiroso, que não tem competência para ser o líder da nação mais rica do mundo”.
“Ele simplesmente não devia estar no comando agora, e vê-lo atuar numa crise torna isso ainda mais claro, e espero que os norte-americanos vejam isso”, disse.
Tudo aponta para que Joe Biden seja o candidato Democrata a enfrentar Donald Trump nas eleições de novembro e John Legend espera “que faça um bom trabalho”.
“Espero que ele defenda fortemente a nova direção que o país tem que tomar. Ele vai ganhar as eleições do Partido Democrata e espero que seja capaz de convencer norte-americanos suficientes de que precisamos de uma nova direção”, afirmou.
O setor cultural tem sido um dos principais afetados, a nível mundial, por causa da pandemia da COVID-19, com espetáculos e digressões a serem adiados ou cancelados.
O músico lembra que “começou a atingir a indústria do entretenimento bem cedo, porque a partir do momento que as autoridades dizem às pessoas que não podem juntar-se em grandes grupos, há espetáculos que começam a ser cancelados”.
A próxima digressão de John Legend só começa no verão, em julho na Europa, com uma data em Portugal (3 de julho em Cascais, no EDPCoolJazz), e em agosto e setembro nos Estados Unidos, mas o músico já teve “vários eventos que deveriam acontecer em março, abril e maio cancelados ou adiados”.
“Obviamente que, como um artista de sucesso, tenho uma almofada para enfrentar este tipo de situações. Mas muitas pessoas que têm empregos para pagarem as contas e os ajudar a viver de semana em semana, não têm poupanças ou a almofada que lhes permite não trabalhar durante semanas ou meses seguidos”, salientou, mostrando-se consciente de que “é realmente difícil para muita gente”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 112.200 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 292 mil infetados e quase 16 mil mortos, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 8165 mortos em 80.539 casos registados até quinta-feira.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
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