Centenas de nomes conhecidos do cinema mundial denunciaram o “silêncio” perante o geniocídio em curso na Faixa de Gaza, em artigo de opinião publicado na véspera da abertura da abertura do Festival de Cannes.

“Nós, artistas e atores e atrizes da cultura, não podemos ficar em silêncio quando está a acontecer um genocídio em Gaza”, declarou-se no texto, publicado na segunda-feira no Libération e na Variety, considerada a revista de referência norte-americana da indústria do cinema.

Um conjunto de 380 figuras destacadas do setor, como Pedro Almodóvar, Javier Bardem, Costa-Gavras, Richard Gere ou Mark Ruffalo, denuncia o genocídio em Gaza e o silêncio do mundo da cultura.

“Não podemos continuar em silêncio enquanto ocorre um genocídio em Gaza”, afirmam, no seu texto, em que também perguntam: “Porquê este silêncio?”.

O artigo, cuja publicação coincide com a abertura da 78.ª edição do Festival de Cannes, recorda que em 16 de abril os militares israelitas mataram a fotojornalista palestiniana Fatma Hassouna, protagonista do documentário ‘Put Your Soul on Your Hand and Walk’, que vai ser exibido no evento.

Hassouna, de 25 anos, foi morta durante um ataque dos militares israelitas, que também causou a morte a 10 dos seus familiares, entre os quais uma irmã, que estava grávida.

Menciona-se também o caso do realizador palestiniano Hamdan Ballal, correalizador do documentário ‘No Other Land’, que recebeu um Óscar em março.

Ballal foi vítima de uma violenta agressão por colonos israelitas antes de ser sequestrado pelo exército israelita, que o libertou “sob pressão internacional”.

A propósito, acrescentou-se no texto que “a ausência de apoio da Academia dos Óscares a Hamdam Ballal suscitou a indignação dos seus membros, o que a levou a apresentar desculpas públicas pela sua falta de ação”.

Por junto, os subscritores, entre os quais intérpretes como Susan Sarandon, Jude Law, Julie Delpy, Jonathan Glazer ou Nicole Garcia e realizadores como David Cronenberg, Mike Leigh o Xavier Dolan, declaram: “Esta passividade envergonha-nos”.

E insistiram: “Por que razão o cinema, viveiro de obras sociais e comprometidas, parece não se interessar pelo horror do real, da opressão que sofrem os nossos irmãos e as nossas irmãs?”, recusando ainda que a sua arte “seja cúmplice do pior”.