“Neste seu novo livro, o autor transforma as suas vivências em histórias imperdíveis sobre o nosso passado comum e a construção de um homem”, afirma a editora Clube do Autor, num comunicado enviado à agência Lusa, referindo que “é o testemunho de uma vida única com a História contemporânea de Portugal como fundo”.
O novo livro de Miguel Sousa Tavares é publicado no próximo dia 24 e no dia seguinte, quando é inaugurada a Feira do Livro de Lisboa, o escritor “tem um encontro marcado com os seus leitores no espaço da editora às 19:00”.
“Cebola Crua com Sal e Broa” tem cerca de 400 páginas, divididas por 16 capítulos, e traça um percurso do autor desde os primeiros anos, numa quinta na Serra do Marão, no norte, à juventude, “numa Lisboa cinzenta interrompida por uma revolução muito familiar, a descoberta do mundo através dos livros, dos jornais e da televisão, e as incursões na política numa democracia cheia de encantos e contradições”, segundo a mesma fonte.
A dado passo, na obra pode ler-se: “Pode um homem viver impunemente começando a sua infância numa aldeia do Marão, comendo cebola crua com sal todas as merendas? E daí saltar para o mundo cinzento e as manhãs submersas da vida salazarenta da Lisboa dos anos sessenta? Acordar na manhã luminosa do 25 de Abril e descobrir que, afinal, éramos todos antifascistas e revolucionários e, logo depois, ir ao encontro do mundo e descobrir-se a si mesmo como uma testemunha privilegiada de tempos incríveis que, não os narrando, teria sepultado para sempre na cinza dos dias inúteis? Declaro que vi. E, por isso, conto. Antes que a água tudo lave e tudo apague”.
Ao longo da narrativa há referências à escola no Marão e aos verões nas praias da Granja, em Espinho, e de Lagos, no Algarve, “com um ‘Melville’ e a sua pesca ‘ao candeio’, uma educação numa casa diferente e alternativa e uma faculdade marcada por Marcelo [Rebelo de Sousa] e pelas lutas estudantis, o 25 de Abril em direto e com a participação do pai [Francisco Sousa Tavares], a extinção da PIDE [polícia política] e as loucuras do PREC [Período Revolucionário Em Curso, que se seguiu ao 25 de Abril de 1974], a liberdade recente nos jornais e no fascinante mundo da televisão ou os episódios com [Mário] Soares, [António] Guterres e [José] Sócrates, as paixões pelo jornalismo e pela literatura, as promessas de vida cumpridas e as juras por cumprir”, adianta a editora.
“Cebola Crua com Sal e Broa” sucede a “Não se Encontra o Que se Procura”, obra publicada em dezembro de 2014.
Miguel Sousa Tavares nasceu há 67 anos no Porto, licenciado em Direito, exerceu advocacia durante 12 anos, e depois jornalismo, nomeadamente na RTP, onde ingressou em 1978. Foi um dos fundadores da revista Grande Reportagem, em 1989, que dirigiu durante uma década. Miguel Sousa Tavares foi também diretor, em 1989, da revista Sábado, que encerrou pouco tempo depois.
Foi cronista no diário Público de 1990 a 2002, atividade que acumulava com crónicas noutras publicações, nomeadamente no jornal desportivo A Bola, na revista feminina Máxima e no jornal ‘online’ Diário Digital.
Miguel Sousa Tavares tem vários livros publicados, quase todos de crónicas. O primeiro, “Sahara, a República da Areia”, foi editado em 1985, seguiram-se “Um Nómada no Oásis” e “O Segredo do Rio”, ambos publicados em 1997, e no ano seguinte “Sul”, um livro de crónicas de viagem, e em 2014, “Não te Deixarei Morrer David Crockett”, onde reuniu os escritos da revista Máxima. Ainda em 2014 publicou “Anos Perdidos”, um conjunto de crónicas sobre os governos liderados por António Guterres, entre 1995 e 2001.
No romance estreou-se em 2003 com “Equador”, publicado em mais de dez países, e adaptado à televisão. Em 2007 publicou “Rio das Flores”.
Comentários